sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Proseando sobre... O Segredo dos Seus Olhos


Uma velha máquina de escrever que falta a imprescindível letra A é tão próxima do protagonista que já não é mais jovem e também carece de algo em sua vida. Tal metáfora é simples de notar, e tal sentido favorece uma explanação da vida cujas paixões a movimenta. Assim, o argentino “O Segredo dos Seus Olhos” trata através de sua longa duração aspectos da existência, reais em sua composição, a qual inevitavelmente nos atinge por uma perspectiva óbvia: nossa afeição com as coisas e pessoas. O percurso escrito por seu diretor Juan José Campanella acompanha os passos de um homem, Benjamín Esposito (Ricardo Darín), escrevendo um romance baseado num crime que investigou há anos, relembrando não somente os detalhes de uma paixão interrompida, mas sua ambição romântica reprimida e seu olhar admirador e idealizador sobre um homem que dedicou meses em busca daquele que destruiu seu amor.

Trabalhando num tribunal penal, Esposito e um amigo, Sandoval (vivido pelo comediante Guillermo Francella), trabalharam num caso cuja solução rendeu-lhes apenas frustração. Uma bela jovem brutalmente assassinada, um crime passível de ser arquivado mas, ao conhecerem o marido viúvo, o bancário Morales (Pablo Rago), perceberam um luto dolorido, um sentimento de vingança não mortal, mas desejoso quanto a possibilidade do assassino sofrer preso e perceber uma vida vazia, dedicada ao nada. Nesse âmbito surge um questionamento sobre pena de morte por parte dos homens, corroborando o universo político argentino nos anos 70 – contexto histórico bem retratado por Campanella. Passado em duas épocas distintas, esta década e a de 30 anos atrás, o filme faz um salto no tempo com franqueza e desenvolvimento dinâmico, tornando a narrativa fluente e convincente aos espectadores.

Ao lado de Ricardo Darín, a atriz Soledad Villamil tem muito tempo em cena vivendo Irene Hastings, o amor de anos o qual Benjamín Espósito jamais ousou conquistar. São tantas as cenas que instigam uma possível abertura por parte da própria moça que aguardava alguma declaração do rapaz mesmo estando noiva, e sua decepção tão evidente não precisou ser dita em palavras. Quando o protagonista retorna muitos anos depois aposentado e pretendendo escrever um romance sobre o que vivera, encontrou-a casada e com filhos. O diálogo da dupla é sempre apurado vislumbrando o passado com coisas que simplesmente não aconteceram – e é bom perceber o quanto os olhares trocados salientam a paixão que se sentem, especialmente Esposito, vivido por um ator extraordinário, fazendo com que seu personagem seja incapaz de omitir o encantamento pela mulher.

A vida atropelou este casal e o retorno a Buenos Aires serviu apenas para reacender uma chama. Após um plano seqüencial num trem, tristíssima, somos levados diretamente à história. O ambiente temporal alcança os personagens, bem maquiados denotando os anos que lhe acometeram. Algumas peças soltas vão se juntando e o roteiro muito bem amarrado do diretor baseado no romance de Eduardo Sacheri, transfere toda informação com clareza e em alguns momentos, lança surpresas preparando o público para um grande final – talvez o melhor dos últimos anos. Tanta precisão faz da obra um trabalho próximo da perfeição, alinhando modestos lapsos da historia do país a um romance terno e a um homicídio nunca devidamente solucionado. Caso este que exprime a injustiça – a justiça não é justa – e leva a uma solução árdua. A sentença “...não fique pensando no que aconteceu, no que não aconteceu... senão vai ter mil passados, e nenhum futuro” faz todo o sentido. E a frase “peça a ele que ao menos, fale comigo!” dificilmente sairá da cabeça de quem assistir. 


quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Proseando sobre... Jonah Hex - O Caçador de Recompensas



E eis que surge mais um filme de herói. “Jonah Hex - O Caçador de Recompensas”, atualmente disponível em DVD, traz atores como Josh Brolin e John Malkovich como protagonistas, e Megan Fox para propiciar alguma beleza driblando sua falta de talento diante a câmera num western diferente, inovado e limitadamente violento. Não há muito a se falar sobre Jonah Hex até porque o filme não tem muito a contar. O herói é um pistoleiro caçador de recompensas que viu sua família morrer, vítima da ira do poderoso Turnbull. Dedica a vida a se vingar do homem, mas recebe a notícia de que este morreu num incêndio. Com seu propósito condenado, passa a ser um matador de aluguel e retoma a ambição de vingança quando descobre que seu desafeto está vivo e tudo não havia passado de um golpe.

Nova adaptação de HQ da DC Comics, o filme passou quase despercebido no Brasil e pode ser encontrado nas prateleiras com um encarte atrativo. O personagem não é um dos mais conhecidos do grande público, mas tem suas graças, ainda mais por se parecer com o bom e velho Clint Eastwood e seus lendários faroestes. Porém, Hex é encarnado por Brolin – muitíssimo bem no papel, aliás – e passa os dias relembrando do passado trágico. Para piorar, carrega no rosto uma cicatriz como lembrete do que assistira. Quanto à história, muito mal desenvolvida pelo roteiro da dupla Mark Neveldine e Brian Taylor, traz uma orientação ao público sobre de onde o matador retornou, o mundo dos mortos, adquirindo o poder de falar com eles. Cenas que deveriam fazer o espectador suspirar diante grandes feitos de um herói, faz apenas bocejar.

Os conflitos são breves, com muita pouca graça. As boas atuações da dupla central – Brolin e Malkovich – pouco acrescentam à narrativa, e a exposição tentadora de Megan Fox como uma prostituta nos faz pensar que a atriz só tem espaço para papéis assim, se possível sem abrir a boca. As diferenças de um tradicional filme western são o arsenal de seu protagonista, adepto as novidades, abandona pistolas e carrega metralhadoras. O cara derruba tudo por onde passa e dispensa parcerias. Sem muito o que perder – a não ser sua adoração pouco compreendida por Leila (Fox) – ele, embora seja um fora da lei famoso, é contratado pelo governo do país para eliminar Turnbull. Não precisava nem pedir, né? A direção de Jimmy Hayward (Horton e o Mundo dos Quem!) é burocrática e sem ousadia. Sua duração também é positiva. Não somos expostos a tantas bobagens por mais de 90 minutos. É um filme para ser visto para quem aprecia qualquer diversão, não há nada mais que alguns tiros, certo heroísmo e algumas frases de efeito cuspidas ao léu. A fotografia e a direção de arte talvez seja o mais apreciável neste filme já esquecido em pleno lançamento. 


quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Proseando sobre... Aparecida - O Milagre

Os católicos também ganharam seu filme em tempos de cinema nacional cujo alguns dos últimos sucessos foram relacionados a obras espíritas. Estreou “Aparecida, O Milagre”, dirigido por Tizuka Yamasaki (autor de bombas como “Xuxa Requebra” e “Xuxa Popstar”). No filme, rodado em Aparecida e São José dos Campos, acompanhamos dois contextos da história de vida do personagem Marcos: ainda quando criança, sustentando o sonho de tornar-se jogador de futebol mas, devido as poucas condições do pai, não conseguiu ganhar uma chuteira; em outro momento, anos mais tarde, torna-se um empresário de sucesso em expansão no ramo de alumínio. Por volta desses dois extremos, à pobreza e a riqueza, há uma mágoa profunda relacionada à fé, especialmente a Nossa Senhora Aparecida, que de acordo com Marcos, recusou-lhe um pedido e ainda tirou a vida de seu pai, trabalhador envolvido nas obras de Aparecida.

O filme é corrido e parece ansioso para atingir seu propósito: mostrar quem é Nossa Senhora Aparecida e oferecer sua imagem como apelo emocional. Feito atendendo os moldes dos fiéis católicos, Yamasaki concebe uma obra dotada de todos os fundamentos para alcançar à sensibilidade do espectador devoto a santa, inserindo todos os elementos que seu público alvo quer ver. Resulta plena satisfação nesse universo, mas fracassa com outros públicos. Seu exagero se revela artificial, visto de fora, sua narrativa até certo ponto agrada, no entanto, se direciona para um final que, para não dizer previsível, – sabemos ao ler a sinopse o que vai acontecer – é dissimulado, soando frívolo diante tanta pretensão.

É um defeito esperado nada surpreendente quando se trata de um filme com temática religiosa direcionado a um público específico. E para chegar ao seu finalmente, exagerado do ponto de vista narrativo, porém ainda sincero ao esboçar algumas razões da ira de seu protagonista, o roteiro trata de alguém que nega a santa devido ao acidente com o pai na infância e que décadas depois se vê diante a possibilidade de uma nova perda, a do seu filho Lucas (Jonatas Faro) que sofrera um grave acidente de moto. Novamente, Marcos se vira contra a religião, mas não tanto. O que ele é afinal? Não é descrente, quando acusa, acredita, embora num momento ainda relate que está falando com uma estátua de barro. Perdido, ou desiludido, frustração que carrega desde criança, amargurando sua vida luxuosa e solitária, e atingindo todos a sua volta.

Representado por Murilo Rosa, esplêndido no papel, Marcos é a grande figura do filme e carece de um melhor desenvolvimento, principalmente com relação à interação com a família. Alguns personagens são apresentados de maneira constrangedora, como a namorada de Lucas e a mãe do protagonista, vivida por Bete Mendes. Já Leona Cavalli, uma das grandes atrizes do cenário brasileiro, rouba as cenas quando aparece, vivendo Sônia, a mãe do jovem acidentado. Desenvolvido para um fim, a história deixa de importar e algumas cenas com potencial para uma melhor exploração como o passado de drogas de Lucas e o final de relacionamento nunca claro entre Marcos e Sônia acabam esquecidas. Se for religioso, corra para o cinema e leve o lenço, caso não, mas se permitir se emocionar com qualquer coisa, irá conseguir nessa alta dose sentimental de fé cristã. 



terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Proseando sobre... Tron – O Legado

 
Neste ano o cinema buscou um daqueles que podemos chamar de clássicos cult e concebeu a continuação de “Tron – Uma odisséia eletrônica”, filme de 1982. Esse filme é “Tron – O Legado”, nova aposta da Disney que possui uma composição gráfica esplêndida, um desenho de produção iluminado e efeitos visuais impressionantes, funcionando ainda mais para quem assisti-lo em 3D. É uma experiência grandiosa aos apreciadores da tridimensionalidade que não encontravam tanta qualidade desde “Avatar”. Há ainda a oportunidade de acompanharmos num único filme uma transformação do 2D para o 3D, e não precisamos tirar o óculos para perceber a diferença. Há ainda um outro grande atrativo, a trilha sonora estonteante composta pela dupla do “Daft Punk”, forte candidato ao Oscar 2011.

O filme: Kevin Flynn (Bridges) é o presidente da Encom, homem com idéias revolucionárias disposto a criar uma dimensão perfeita a qual o homem possa se inserir. Após uma conversa com seu filho Sam, ele misteriosamente desaparece, deixando sua empresa nas mãos de outras pessoas até seu filho crescer e assumi-la. Questões a respeito sobre seu paradeiro permeiam por anos. Assim, o longa faz um salto no tempo e mostra Sam (vivido por Garrett Hedlund) crescido – com 27 anos – a caminho da empresa, controlada por outros caras com diferentes interesses, entre eles está o ator Cillian Murphy – difícil de reconhecer. Situações levam Sam ao fliperama do pai e encontrar uma espécie de portal que o destina até a grade, um universo virtual o qual Kevin ficou preso por 25 anos.  

Detido por um vislumbre técnico, a percepção do espectador frente à produção do filme deverá ser contagiante, pois, não são somente as batalhas, as roupas e as motos com luzes remetendo a neons que impressionam, mas a composição dos personagens e do cenário, resgatando as origens do distante primeiro filme que tornou-se cult. Esse deverá seguir o mesmo caminho. Aqui não há margens para continuações... mas os produtores sempre inventam uma. Não se espera de um filme como “Tron” um roteiro afiado, uma grande história para se contar, embora possibilite pensar nesse universo como uma metáfora de mundo, de idealização e de perfeição, como sugere o personagem de Bridges – é a perfeição que ele buscou e esta sempre esteve em sua frente sem que percebesse. Da mesma forma, a criação de Kevin, o programa Clu (também vivido por Bridges) segue a linha outrora idealizada pelo criador, o que provoca o conflito do filme.

Jeff Bridges que ganhou o Oscar em 2010 por “Coração Louco” protagoniza esse blockbuster vivendo distintos personagens. O ator passou por um trabalho orgulhoso de maquiagem e rejuvenescimento digital em algumas cenas, notável diferença. Novamente, desempenha um bom papel, com intensidade rebuscada, talento destaque em meio a outros atores com tão pouco a mostrar, caso do jovem Garrett Hedlund que precisará de sorte e contatos para se engajar em outros bons projetos. Já Michael Sheen, que vive o esquisitíssimo Zuse não está nada discreto, e ainda arrisca uns passinhos de dança inexplicáveis enquanto assiste uma luta. Também há mulheres que mais parecem estátuas de cera. Sobressai-se a morena de olhos azuis, Olivia Wilde, que aqui vive Quorra, uma esperança para a humanidade quando fora daquele universo. Com as poucas oportunidades que teve em cena, a jovem agarrou bem os lapsos dramáticos de sua personagem.

A direção é de Joseph Kosinski, e nessa dimensão que explora a era da informática, constitui um filme simbolicamente preciso. Há razões: a grade é um mundo a parte, uma representação metafísica com valor de realidade do que seria perfeito ao contrário de nosso mundo. Feita toda em computador, ela é julgada um lugar ideal a partir da visão de seu personagem Kevin Flynn. E ele paga por essa crença. Dando asas à imaginação, a realidade imposta por essa não física idéia, mas que é inteligente e potencialmente capaz de acontecer sozinha após a criação humana, recai em projetos já discutidas pelo cinema, como em “2001 – Uma odisséia no espaço”. Seu solo fértil merece mais explorações. O roteiro não estimula uma percepção mais inteligível de seu público, concentra-se mais nos aspectos técnicos que naturalmente deslumbram. É um bom filme que oferece bem mais do que à tridimensionalidade, no entanto, perdeu sua grande força quando decidiu ser somente um arrasa quarteirões.  


terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Proseando sobre... A Partida


Falar da morte afasta as pessoas. Poucos tem interesse em discutir e encarar o assunto; outros sentem repulsa só em ouvir. Não é que a morte seja algo para se digerir com facilidade, – ela não é, não há como ser – ainda mais para quem perdeu um ente querido em algum momento da vida e sofreu. Sofrer, aliás, é uma condição da falta, e quem fica sente e se amargura. Em meio a tantas e diversas culturas, a morte tem distintos significados. As explicações são variadas. Como lidar com ela é algo bastante particular. No filme "A Partida", disponível em DVD, a morte ganha atenção através de uma história singela, simples e por vezes poética, colocando o protagonista Daigo (Masahiro Motoki), um violoncelista, trabalhando como funcionário de uma funerária, encarregado de maquiar e vestir os mortos seguindo uma tradição já estabelecida com sensibilidade pelo patrão.

Seu trabalho é visto com preconceito pelos que estão a sua volta, sobretudo por sua esposa, Mika (Ryoko Hirosue), enfraquecendo sua atuação já destacada neste ofício, lhe rendendo conseqüências emocionais e profissionais. Carregando um instrumento que não pode pagar, Daigo Kobayashi (Masahiro Motoki) vê seu sonho de ser um famoso violoncelista ceder quando a orquestra a qual participava se desmanchou. Obrigado a devolver o instrumento, ele reflete sobre seu peso, peso que o impossibilita possuí-lo –essa passagem metaforiza o peso do instrumento em suas costas, em sua cabeça e em sua vida, ressaltando seu sonho idealizado diante suas atuais condições, alcançando ainda sua vida conjugal, embora a mulher o apóie na maioria de suas decisões. Sem o emprego, morando de aluguel, Daigo e Mika decidem sair de Tóquio e retornar ao interior, para a cidade natal do rapaz onde possui uma casa herdada da mãe. Um novo caminho a se seguir, mais longo e igualmente difícil cuja companhia um do outro serve como muleta para restituir alguma felicidade.

A vida se atenua nessa mudança, trazendo imediatamente a concepção de um imaginário futuro e do que poderia vir a ser sua relação amorosa, conjugando a necessidade de um com sua ambição juntamente ao comodismo e pouca aspiração do outro. Há ainda outra frustração quanto a relações: o drama entre pai e filho, onde uma separação decisiva dimanou lágrimas e mágoas. Se falar da morte também é falar da vida, “A Partida” trata os dois com igualdade traduzindo em cada cena o limiar do viver, sua finitude por vezes inaceitável. O diretor Yojiro Takita traz com suscetibilidade uma história simples recheada de momentos pra lá de reflexivos, questionando e demandando do público uma idéia de seus próprios limites. Tratar assuntos desse âmbito com bom humor, ainda mais no cinema, é uma tarefa para poucos, não encontrada facilmente. Takita entrega um trabalho saudável para a mente, e é ótimo ouvi-lo também – há trilhas fantásticas durante seu desenrolar. Com atores engajados no projeto demonstrando tanto carisma quanto seriedade, a produção potencializa a questão “morte” e a relação que nós temos com ela.    


segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Proseando sobre... As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada


Os religiosos irão encontrar em “As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada” uma manifestação à fé bastante declarada. Se anteriormente ela já existia nos dois primeiros longas, – de maneira razoavelmente disfarçada – nessa terceira parte, não há economias em referências e torna-se, a partir dos diálogos dos personagens numa profunda menção religiosa, numa evocação declarada sobre diferenças de nomenclaturas dadas a um mesmo ser: Deus. Nos diferentes mundos no filme – a nossa realidade e a realidade de Nárnia – fragmenta-se um ideal impositivo e expositivo sobre perspectivas relativas à religião. No final, o filme sustenta uma catequese travestida de fantasia com monstros e heróis, opondo bem e o mal e isso, de maneira alguma, é um benefício do filme. A fantasia proposta dá lugar a ensinamentos doutrinários e a imaginação inspirada tanto das crianças (alvos centrais da narrativa) quanto dos adultos termina violada.

Nesse terceiro filme, não há demora para os personagens chegarem a Nárnia. O roteiro utiliza bem seu início ao apresentar um novo personagem, o importuno Eustace (Will Poulter), garoto descrente de fantasias e entregue aos livros remetentes a sua realidade palpável e mensurável – e para dizer mais, covarde. Juntamente a ele, dois já conhecidos do público, Lucy (Georgie Henley) e Edmund (Skandar Keynes), crescidos, desejam uma oportunidade de retornarem aquela terra que um dia conheceram. Um quadro lhes dá esse acesso e os três vão parar no Peregrino da Alvorada, um navio cujos tripulantes são velhos conhecidos, incluindo o agora rei, Caspian (Ben Barnes). Sem saberem, são recrutados para uma nova e grande batalha desafiadora de seus ocultos desejos.

A direção ficou a cargo de Michael Apted, diretor com diferentes projetos no currículo, foi incumbido de levar essa terceira parte dos livros de C.S. Lewis até a telona. Esse não é o último. Também não é a melhor entre as aventuras – é a mais carente de sentido, aliás. Mais parece um capítulo estendido e deverá recrutar novos fãs para a franquia diante seus efeitos e carisma. Interessante também é a troca dos personagens que acompanhamos: Susan (Anna Popplewell) e Peter (William Moseley) ficaram de fora do projeto e se despediram no segundo filme por se tornarem adultos – aos fãs da dupla, poderão vê-los brevemente nesse terceiro. Tal destino parece ser o mesmo para Lucy e Edmund. É um ciclo da vida cuja atenção direcionada as crianças prova a força que o projeto tem sobre elas e quanto essas importam na obra de Lewis.

O universo de Nárnia está aberto, e vem muito mais por aí. “A Viagem do Peregrino da Alvorada” tem seus problemas, seus excessos e não estará entre os melhores filmes do ano. Sua história às vezes deixa de funcionar quando alguns feitos acontecem de modo superficial, quase indigerível ao público acostumado ir ao cinema. Por cima desses problemas, há uma história que preza o indivíduo e sua ambição, seus desejos causadores de sofrimento. Potencialmente capaz de proporcionar uma catarse no espectador ao explorar esse conflito, Michael Apted ganha pontos e encontra recursos técnicos que apenas somam a narrativa – a direção artística é estonteante. E logicamente, não poderia faltar o objeto dificultador, o jovem Eustace irá passar por grandes ensinamentos a respeito do valor da crença. Belo, mas problemático, “As Crônicas de Nárnia” é mais um grande projeto desperdiçado que encontra heroísmo na fantasia e quando não, eis que surge o leão Aslan (Liam Neeson) nos momentos mais difíceis, parecidíssimo ao que ouvimos ecoando por aí de alguns que querem pregar soluções vendendo a fé. 


domingo, 19 de dezembro de 2010

Proseando sobre... Sherlock Holmes



 Não é preciso ser fã de literatura policial para saber quem é Sherlock Holmes, personagem que Arthur Conan Doyle tão brilhantemente concebeu. Ao longa da história do cinema, alguns filmes foram produzidos baseados na obra do Sir Doyle, alimentando de tramas curiosas antigas gerações como no bem realizado “A Vida Íntima de Sherlock Holmes” (1970) e no razoavelmente recente “O Enigma da Pirâmide” (1985). Há anos que o detetive andava sumido das telonas até que Guy Ritchie, com muito bom humor, tratou de resgatar o personagem e trazê-lo até ao cinema – atualmente nas locadoras para deleite dos fãs e recrutação de novos interessados pela arte da dedução, e pelo cinismo excêntrico que tão fortemente marcam a personalidade desse fabuloso personagem tanto da literatura, quanto do cinema. Já as características físicas, claramente, parecem ter sido descartadas pela produção.

O fato é que Robert Downey Jr. encarna com tanta dedicação Sherlock Holmes que apreciamos sua audácia e rimos de sua irreverência, ao mesmo tempo que nos fixamos atentamente em suas investigações temendo perder algum detalhe, ainda mais em algumas cenas as quais acontecem breves análises dos pontos fracos de seus oponentes antes da execução cirúrgica dos golpes. Um salve para seus fieis fãs. São méritos que não são somente de Downey Jr., mas da trupe de roteiristas liderados por Anthony Peckham. O roteiro não só assombra, pasma por alguns abusos que nos perguntamos se Holmes estaria por acaso se transformando em um desses heróis de ação. Felizmente, temos um vilão interessante enquanto uma metáfora de poderes os quais estamos sob controle, sendo a magia um truque para, mais do que chamar a atenção, despertar nosso medo. E não é o medo da descrença que move o ser humano a determinadas autoridades?

Assim, Mark Strong vive Lorde Blackwood aterrorizando Londres com magia ao passo que Sherlock Holmes encara a possibilidade de perder seu fiel escudeiro Dr. John Watson, prestes a se casar. Ainda há o agravante de um retorno de um relacionamento antigo, Irene Adler, única mulher que consegue domar o herói. Interpretados por Jude Law e Rachel McAdams, a dupla faz uma parceria próspera com Robert Downey Jr., onde certamente, renderá bons frutos para essa provável nova franquia. A fotografia soa tão bem numa Londres turva e ameaçadora, influindo nos olhos do protagonista de percepções poderosas, perdendo-se dentro de seus próprios pensamentos sendo obrigado a cerrar os olhos para se distanciar do brio Londrino. Bom também para os ouvidos, é Hans Zimmer quem se responsabiliza pela trilha. “Sherlock Holmes” vence nas mãos de Ritchie sendo antes de qualquer outra coisa, divertidíssimo.


sábado, 18 de dezembro de 2010

Proseando sobre... Abraços Partidos

Três anos após filmar o ótimo “Volver”, o cineasta espanhol Pedro Almodóvar retorna ao cinema com “Abraços Partidos”, trazendo novamente no elenco as espanholas Blanca Portillo e Penélope Cruz num filme sobre a fragilidade da alma diante perdas prematuras. O cineasta entende o cinema como um refúgio e como um espelho, detalhando temas do dia a dia sem pudores, com impressivas narrativas envolvendo tabus, radicando o desejo, tendo como planos de fundo cenários abarrotados de cores picantes somados a figurinos requintados e fotografias contrastadas em seu melhor estilo. Se uma de suas maiores características é favorecer o desenvolvimento de suas personagens femininas, nesse novo trabalho a história gira ao redor de um homem. 

Mateo Blanco é um ex-cineasta que após um acidente automobilístico perdeu a visão e a mulher que amava. Abandonando de vez o posto de realizador de filmes para seguir como roteirista, adota o pseudônimo Harry Caine. A história de Mateo nos é contada de maneira cronológica, opção de Almodóvar por mesclar personagens e a diferença considerável entre anos cujas primeiras lembranças nos leva ao início dos anos 90. Naturalmente, canções espanholas se exaltam à medida que as cenas se entrelaçam vinculando os personagens.

De início confuso, a resolução se dá graças a um incidente numa danceteria, onde o jovem Diego (Tamar Novas) desmaia, sendo socorrido mais tarde por Mateo. Episódio que incita as recordações do ex-diretor, seus amores antigos e trabalhos consagrados, bem como as razões que o levaram até ali. Mérito do ator Lluís Homar que transmite uma serenidade para os personagens Blanco/Caine ofuscando as preferências de Almodóvar, embora ainda conte com Penélope Cruz, sua musa absoluta, vivendo a charmosa atriz Lena, protagonista central de duas histórias da narrativa: o filme, e o filme dentro do filme. Uma brecha para o diretor denunciar sua adoração pelo cinema. E também por Penélope.

Ela é a causa indireta da trama envolta do desejo de dois homens, saliente no relacionamento que a atriz irá ter com a câmera do diretor desvendando-a e exibindo-a em beleza estética e artística, com gestos e tons de consumo da luxúria. O filme ganha forma pelas surpresas do roteiro, mas falha pelo excesso de explicações, algo incomum no cinema de Almodóvar. No entanto, é visualmente um esplêndido trabalho - e se é a visão a responsável pela desgraça de Mateo Blanco, a imagem morre junto ao amor pelo belo que o cineasta tanto era apaixonado, restando somente as lembranças do então Harry Caine. Lembra uma frase do próprio diretor, mesmo que esteja um pouco fora de contexto, é perfeitamente cabível: “afinal, o essencial é isso: sobreviver e manter a paixão”. E o que nos resta?

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Proseando sobre... As Melhores Coisas do Mundo

 
Um filme não precisa de orçamento milionário para ser um grande filme. Uma boa história dispensa artifícios técnicos de orçamentos colossais. Afinal, o cinema se fez gigante sendo simples, e simplicidade é ainda a melhor forma para a realização de tal arte. Felizmente os cineastas brasileiros vêm encontrando outros caminhos que não só exibem violência e sertão, temas que rendem antipatia por parte do público. No entanto, contraditoriamente, vendem mais. Basta uma boa olhada na prateleira e notarão um leque de temáticas muitas vezes não divulgadas concebidas pelo nosso cinema. Os jovens parecem ser a nova isca para atrair público e este “As melhores coisas do Mundo”, trabalho brilhante da cineasta Laís Bodanzky, vem provar de uma vez por todas que o cinema brasileiro está em plena expansão. 

Distantemente dos seus projetos anteriores, “Bicho de Sete Cabeças” e “Chega de saudade”, – este segundo fala da velhice – o novo trabalho da diretora questiona o dia a dia de adolescentes numa escola em São Paulo. Cheio de espinhas, perdidos em seus desejos, hormônios aflorando, um grupo de amigos se encontra no cerne da história, vivendo a fase com todo o ardor. Um emaranhado de situações irá atingir esse grupo, levando-os a reflexões e frustrações. O bullying, em especial, é tão bem trabalhado no roteiro que projetamos um pesar sobre aqueles jovens vítimas desse crime, ainda mais numa geração a qual novidades se dissipam com muita rapidez. 

Internet, vídeos, máquinas digitais, celulares, bluetooph estão no filme, espalhando informações de modo epidêmico. A personalização de uma blogueira é conveniente a essa sutil crítica, onde, igualmente uma revista de fofoca, a garota espalha intimidades de seus amigos numa exposição absurda. Bodanzky trabalha com um elenco iluminado, mesclando atores renomados com até então desconhecidos. Francisco Miguez não se constrange ao assumir o protagonismo do longa. Dando o tom ideal a Mano, conduz a história vivendo um adolescente com erros e acertos. O protagonista não está livre de preconceitos ou dos impulsos de sua fase, o que dá maior originalidade a um personagem tão difícil. Miguez impressiona com naturalidade e carisma. 


É a época da busca e recompensa. Os desejos sexuais aflorando, as atitudes ingênuas e os experimentos acontecendo. É impossível não se identificar com algumas ações desses adolescentes, em especial Mano, que em certo momento decide fumar apenas para impressionar uma garota mesmo detestando o cigarro. Desperta a atenção as trocas de confidências entre o rapaz e Carol (Gabriela Rocha) no ônibus, um exímio retrato das negações sobre as ações do outro resultando provocações. Em contraponto a personalidade dos personagens tão bem destacadas pelo roteiro de Luiz Bolognesi, – marido da diretora – a fotografia e as canções estão ritmadas. Destaque especial aos apartamentos e quartos onde cada um desses jovens vive, estilizados em acordo as suas personas. “Something” dos Beatles marca presença num ato exibicionista.

As conseqüências arrastam resoluções óbvias, caricatas, mas convenientes. Fiuk foge do reino das maravilhas de “Malhação” para viver um personagem existencial e surpreendente. Denise Fraga, ótima no papel de mãe separada, dá bastante força a uma personagem que pouco aparece em cena, fortalecendo seu senso ético, quase hasteando uma bandeira tamanha crença. Da mesma forma Caio Blat dá dignidade a um professor de física adorado pelos alunos; e Paulo Vilhena fazendo justiça a um professor de música com filosofias inspiradas por sua grande paixão. Não se gosta de "As melhores coisas do mundo" por causa de seus atributos técnicos e cenas de tirar o fôlego – embora a diretora encontre alguns recursos virtuosos durante a narração – mas por sua honestidade, nos aproximando da adolescência nos dias de hoje com uma naturalidade comovente.


quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Proseando sobre... Hanami - Cerejeiras em Flor



 A finitude da vida, a morte inevitável, a angústia a qual ela engrandece, são os temas do belíssimo drama alemão “Hanami - Cerejeiras em Flor”, dirigido e escrito pela diretora Doris Dörrie, que traz os dias do casal Angermeier já com os filhos criados, tocando vagarosamente a vida numa cidade do interior da Alemanha com simplicidade e pacificidade. Trudi (Hannelore Elsner) após ir buscar exames do marido, descobre que ele tem uma doença terminal e não sabe se deve lhe dizer. Seguindo orientação dos médicos, decide realizar alguns sonhos deixados de lado e aproveitar aqueles que seriam os últimos dias dessa união prestes a acabar. Uma de suas maiores vontades era ir até o Japão, mas antes, vão para Berlim onde alguns dos filhos moram e trabalham. Nesse lugar o casal irá se deparar com filhos ocupados e netos que mal os conhece.

Trudi é declarada fã da cultura oriental, sobretudo de Butô. O filme flerta com artifícios japoneses, levando em páginas de um livro imagens do Monte Fugi, lugar de profunda admiração da mulher. Quanto ao marido, Rudi, sem saber de seu estado de saúde, não tem tantas ambições quanto à esposa e aceita acompanhá-la nessa viagem apenas para agradá-la. Mas, para surpresa, o sofrimento acaba comprometendo a vida de Trudi que morre durante o sono num quarto de hotel a beira mar, após dias de profunda aflição e agonia. Nesse ato, ocorre à inversão dos fatos, com Rudi agora sozinho, desesperado com o retraimento repentino, sem saber de sua doença, vivendo o luto e atrás de um sentido para a vida. Ciente da frustração dos filhos por terem de se dedicar a ele, decide ir até o Japão não só para passar os dias com um de seus filhos que mora por lá, mas viver o sonho de sua esposa.

Escrito pela própria Dörrie, o roteiro exalta uma viagem perturbadora, ainda mais para Rudi (vivido por Elmar Wepper) propenso à pacata vida caseira, trazendo as relações familiares estremecidas, com a indiferença dos filhos que consideram a presença dos pais um incômodo. A possibilidade de perdê-los nem passa por suas cabeças. A aparição de moscas no decorrer da história metaforiza a aproximação da morte através da curta vida dos insetos. Já o desprezo vigente mobiliza o público, num misto de mágoa e serenidade, levantando aspectos da relação entre pais e filhos e questionando o valor desta em dias atuais. Discute aí o abandono em asilos, nas ruas ou em casas, facilitando a resolução do problema de dedicar-se ao cuidado. Os dias estão cada vez mais acelerados e o tempo dedicado ao outro parece irrelevante.

Doris Dörrie trata com bastante delicadeza um tema cada vez mais recorrente. E a Alemanha, país tão distante, não parece tão diferente do que acontece no Brasil. O individualismo vitimiza a relação no filme, como exemplo, o contraste entre Rudi com sua simplicidade devota ao trabalho e seus filhos envolvidos completamente com suas singularidades sem espaço para novidades. A narrativa comove pela sutileza combinada a bela fotografia enaltecendo as ruas de Tóquio quando o protagonista visita o Japão, curiosamente vestindo as roupas da mulher como um símbolo, sua companhia, perda recusada em seu luto flagrando solidão. Nesse lugar, convive com a mesma indiferença que vivera em Berlim e encontra numa praça com cerejeiras em flor uma dançarina de Butô, e vive um encantamento que lhe aproxima da esposa, com o cuidado e a atenção que há pouco perdera.   


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Proseando sobre... The Runaways – Garotas do Rock


Em 1975, o mundo conheceu algumas de suas garotas selvagens, sugestão de um dos sucessos, “Cherry Bomb”, tocada pela banda “The Runaways”, grupo formado apenas por mulheres. Eram tempos difíceis para o público feminino que pretendia ingressar na indústria musical tocando Rock n’ Roll. No entanto, com ousadia e energia, algumas garotas se juntaram e se solidificaram passando por todas as esperadas dificuldades. Quando uma loura, carregando frustrações familiares e da própria adolescência, surgiu assumindo o vocal, a banda então decolou e conquistou o mundo. Cheias de estilo e agressividade, as jovens estouraram em seu tempo, abriram portas para outras bandas e conviveram com o glamour da fama, como também com suas conseqüências. Este filme vem contar sua história. Ou não.

Dirigido e escrito pela italiana diretora de vídeo clipes Floria Sigismondi, o filme “The Runaways – Garotas do Rock” que pretendia levar a história da banda até a telona parece ter se identificado apenas com um de seus membros. Sua vocalista. O roteiro esboça um pouco de sua história, sua ligação com a irmã, seu desafeto com o pai ausente e alcoólatra e a mãe desinteressada. Munida dessas mágoas, a loura de 15 anos, Cherie Currie (vivida pela crescida Dakota Fanning), comete todas as extravagâncias de sua idade sem orientação. Uma adolescência corrompida se revela em cena, facilmente compreendida como clichês usuais, caso não se tratasse de uma cinebiografia.

Ao lado de Fanning, outra atual estrela assume a personalidade da guitarrista líder da banda. Kristen Stewart, que ganhou o estrelato graças à “Saga Crepúsculo”, vive aqui Joan Jett, com uma personalidade bastante diferente daquela vivida nos ditos filmes de vampiro. Em “The Runaways” ela está envolvida com sexo, drogas e romances. Stewart muda a pose estigmatizada de Bella (de “Crepúsculo) e vive uma bad girl reprimida. Já, sem tanta atenção, a musa da nova franquia “Halloween”, Scout Taylor-Compton, encarna a impulsiva Lita Ford e protagoniza discussões violentas com a vocalista. Histórias por fora da produção justificam a pouca atenção dada a sua personagem devido uma oferta negada por sua versão da história.

Todas as atrizes parecem se divertir em cena, convencem em seus papéis e são fortalecidas pelo figurino despojado. Ao lado delas, o famoso produtor Kim Fowley (Michael Shannon), responsável direto pela ascensão da banda, aparece como o grande personagem do filme. Icônico e egóico, adota um visual excêntrico. Seu interesse pela banda é o lucro, o vislumbrar da fama e o gozar da grana, e faz isso sem esconder. A mão que apóia é a mesma que abandona, e nesse interesse pessoal, utiliza do talento das moças e exprime o máximo de cada uma de maneira nada sutil até quando elas decidirem não o obedecerem. A diretora lança e dá importância ao personagem nunca procurando inocentá-lo, tampouco travesti-lo. Shannon se destaca ao torná-lo interessante e natural.

No longa ainda há um esboço de experiências com sexo e drogas. As personagens em fuga de frustrações se entregam as tendências do período, e flagramos, a partir das ações da personagem central, de apenas 15 anos, descobrindo o sexo às escondidas. Sua caracterização ousada nos shows e a atenção particular que vem recebendo a tornam uma precoce ídola teen. Vítima da fama? Há o que se discutir. E também as drogas, como o ecstasy, a cocaína e principalmente o álcool presentes em cena. As bebedeiras constantes comprometem sua performance, aproximando-a gradativamente do pai o qual recrimina. Sua adição a individualiza e condena seu futuro na música. Pena o filme ser tão contido, preocupado talvez com a censura, pouco explorando seus mais ásperos acontecimentos. Tudo acontece rápido e muito pouco chama a atenção. Serve para apresentar uma banda com alguma atitude, algo raro atualmente. Mas aquele contexto aqui parece um mar de rosas diante o original.    


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vale MTO a pena asisti.. tenhu ate uma tattoo em homenagem ao filme! HAHAHAHAHAH ASSISTI!