sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Proseando sobre... Amor à Distância



Passou tímido nos cinemas e por se tratar de uma comédia romântica daquelas que traz uma dupla famosa como casal central, pode-se dizer que foi um fracasso. “Amor à Distância”, disponível em DVD, é o novo trabalho de Nanette Burstein que procura dimensionar uma situação vivida por muitos casais por aí: a distância. As dificuldades são exaltadas, a aceitação, o a qualquer custo unilateral e o sacrifício são algumas das peculiaridades que o casal será sujeitado. Soa, numa perspectiva ampla sobre a condição do distanciamento, um pessimismo por parte do roteiro de Geoff LaTulippe aceito pela diretora, e desconsola quem convive com tal relação. No protagonismo, Justin Long e Drew Barrymore demonstram boa interação e garantirão boas risadas.

Num primeiro ato, Garrett (Long) é apresentado com dificuldades de comprometimento e é questionado por amigos sobre sua incapacidade de manter um relacionamento duradouro. Aflora aí um traço básico presente em comédias românticas: a busca pela pessoa certa. De outro lado, conhecemos uma estagiária de jornalismo, Erin (Barrymore), tentando impressionar o chefe e conseguir um emprego. A garota californiana atravessou o país para fazer estágio num conceituado jornal de Nova Iorque. Certa noite, num pub, em um daqueles encontros inacreditáveis presentes em filmes desse gênero, Garret e Erin se cruzam e percebem o quanto são comuns e vivem, após bebedeiras, – e quanta bebedeira veremos no filme – uma primeira noite de amor.

Se inicia a aventura do casal, daquelas consideradas romances de verão com prazo de duração de seis semanas. Após o fim, se descobrem apaixonados e numa cena no aeroporto, constituem um namoro anteriormente improvável. O filme reforça nesse ato a possibilidade idealizada deste relacionamento dar certo. E a distância não são algumas milhas, é de uma ponta a outra dos Estados Unidos. Reforçado por uma colega de trabalho, Garrett até se motiva, mas logo se depara com a dura realidade e do que tem de abrir mão para vencer isso. O público irá acompanhar esse romance de fato interessante, cheio de boas sacadas, palavras sujas cuspidas por Drew com ênfase numa piada sobre “Transformers” e seu diretor Michael Bay. As risadas acontecem, no entanto, ao abusar do exagero, o filme perde a força. Mas há uma discussão profunda nesse percurso, uma oferta de trabalho que pede uma escolha. A angústia proposta nesse ato é suficiente para valer a locação. 

A possibilidade de realidade, de ser honesto com o público, definitivamente acontece com o casal central, apesar de cenas completamente descartáveis e poses exageradas propostas pela diretora. Mesmo que às vezes soem inverossímeis, exemplo do cartaz de “Top Gun” com Tom Cruise, ganham teor de autenticidade, resgatando uma lógica por vezes entregue ao desaire narrativo quando trata de casais trabalhadores com a vida desencaminhada. Enraizado numa proposta romântica que exprime possibilidades de uma relação funcionar, vencendo por fugir do óbvio – marcadamente características de filmes dessa categoria – “Amor à Distância” funciona não só para os fãs de comédia romântica. Com protagonistas adoráveis, Barrymore já consagrada e Long cada vez melhor, fica impossível não torcermos por eles. 


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