sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Proseando sobre... Atração Perigosa



No início, uma informação. Nenhum bairro de Boston gera tantos assaltantes de banco como Charlestown. Tal ofício tornou-se tradição familiar, herança de pai para filho. Tem início “Atração Perigosa”, filme que traz Ben Affleck enquanto protagonista como também na direção e roteiro. Adaptado a partir do romance de Chuck Hogan, o longa traz como cenário Boston e os grupos que se juntam para assaltar bancos e carros fortes locais, nem sempre com muito sucesso. Affleck vive Doug MacRay, um líder de uma quadrilha em destaque na região e, ao lado do braço direito James Coughlin (Jeremy Renner, estrela de “Guerra ao Terror”) e de outros dois amigos, é recrutado por um dono de uma floricultura a realizar assaltos milionários. Em um deles, o grupo se vê obrigado a fazer uma gerente como refém, ato que sucederá uma série de conflitos.

Affleck demonstra novamente o que já havia mostrado em “Medo da Verdade”: segurança na direção. Seus atuais projetos vem se consolidando como particularidades de um homem interessado em pesados dramas pessoais, implicantes no submundo do crime organizado. Não parece demorar muito para que ele abandone de vez as atuações e se mantenha por trás das câmeras. É discrepante a diferença. E nesse projeto, traduzido por aqui como “Atração Perigosa”, uma não tão infeliz tradução de “The Town”, mas que cairia melhor como “Ligações Perigosas”, uma vez possibilitar ressaltar duas relações vitais na trama e que se estendem até seu desfecho. São os casos do romance do protagonista com a jovem yuppie Claire Keesey (vivida pela inglesa Rebecca Hall) e também, a relação entre Doug e James, com o primeiro vivendo uma dívida com o amigo, implícita nos vários lembretes sobre o homem ter passado quase uma década preso em defesa do companheiro.       

O tema não é novidade no cinema, a composição de suas relações também não: o romance entre o bandido e a mocinha até a estremecida convivência entre moradores de um bairro cuja hierarquia vitimiza seus jovens. Não distante, está também, embora de maneira bastante fria, a cumplicidade entre pai e filho – Chris Cooper faz uma participação breve, mas fundamental a dinâmica paterna determinante. O que é novidade – talvez o termo novidade não seja adequado – é a tradução daquele contexto através dos olhos de alguém que verdadeiramente o conhece – estamos na cidade natal do diretor. Somos indiretamente convidados a seguir um jogo entre polícia e ladrão, cheio de obviedades que comprometem apenas a expectativa de se ver um trabalho primoroso, mas suficientemente capaz de exprimir interações, com perspectivas de mudança frente à realidade e futuro. Resta o desejo de uma nova vida e a dúvida sobre ser capaz de conquistá-la. 


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