segunda-feira, 30 de maio de 2011

Proseando sobre... O Vencedor


Há uma consideração a ser feita antes de comentar o filme: Christian Bale está impressionantemente alucinante. “O Vencedor” é sim mais um filme de luta, mas não como esses encontrados aos montes nas locadoras cujo vazio toma conta do filme juntamente as porradas coreografadas. Aqui há quem se lembre de “Rocky” em seu melhor sentido. Exalta-se vibração e emoção. Mas essa é uma outra instância do filme. Primeiro se fala de luta, narra a história do irlandês Dicky Eklund (Bale) de Lowell no Massachusetts lá no início dos anos 90 contando sobre seus altos e baixos na carreira de boxeador e seu profundo investimento no irmão mais novo, Mickey Ward (Mark Wahlberg), orgulhando-se de que tudo que seu irmão sabe nos rings foi ele quem ensinou. A aparência do longa é documental, conhecemos um pouco sobre a dupla através da narração empolgada do personagem de Bale discorrendo sobre a luta contra um oponente poderoso, a drogadicção.

Motivação, lutas, treinamentos, músicas embalando, tudo parece remeter a filmes consagrados. O final é previsível, já o desenvolvimento impressiona e surpreende. O roteiro é escrito pelo quarteto Scott Silver, Paul Tamasy, Eric Johnson e Keith Dorrington e passa por vários gêneros ora promovendo recreação e animação outra residindo num dramalhão amargo, sofrido, exigindo de seu elenco uma transferência de sentimentos. Note Bale bem mais magro, aproximando-se de seu polêmico personagem em “O Operário”; Mark Wahlberg está contido e preciso enquanto protagonista, embora às vezes perca o foco. Já as mulheres, Melissa Leo deslumbra no papel de mãe devoradora dos irmãos Eklund, já Amy Adams, adorável como sempre, vive um tipo distante de suas tradicionais delicadas personagens.

O boxe é o bastante para segurar um filme e ainda ser indicado ao oscar? Há muito o que contar que ainda não tenhamos visto? O estilo aqui proposto difere pela abordagem e nas mãos do cineasta normalmente envolvido em comédias David O. Russell, “O Vencedor” dá importância a outros personagens, explorando essa relação familiar ruinosa cheia de irmãs sanguessugas. Nesse relacionamento, Dicky aparece diferente, e Bale é habilidoso ao demonstrar atitudes distintas em vários momentos do longa como se na maior parte deste ficasse distante e alterado. Aí se concentra talvez o maior mérito do filme, a drogadicção, sobretudo por crack, supostamente o responsável pelo fracasso de Dicky no esporte. Seu envolvimento com a droga reflete a geração atual e mostra que tal substância também está presente nos esportes, ela atinge todos e devastan igualmente.

Ilustrado sem exageros, o filme não possui tempo suficiente para desenvolver melhor a personalidade de seus personagens. Já o objetivo foi consumado. Como Mickey Ward lidou com essa situação e tornou-se um vencedor no boxe é um feito irrepreensível do roteiro. Escolhas e sacrifícios fizeram a diferença para o lutador engrandecendo-o por sua superação e redenção. O. Russell extrai o melhor de seu elenco, mescla cenas de propósito fílmico com a de um documentário fictício realizado pela HBO e acerta na condução do desenrolar narrativo jamais cadenciado, mas empolgante, nos obrigando a torcer por seus personagens. A indicação do diretor ao Oscar 2011 é uma surpresa, considerando seus trabalhos anteriores, porém, este ano foi reconhecido por fazer de uma potencial obra densa, uma história coesa, fácil e emblemática, capaz de agradar todos os públicos, discutir um tema seríssimo e divertir com as competições que seus personagens estão envolvidos tanto no esporte quanto na vida.    

sábado, 28 de maio de 2011

Proseando sobre... Se Beber, Não Case! Parte 2


Outro casamento foi anunciado. Dessa vez é o dentista Stu (Ed Helms) quem vai trocar alianças. O trauma da despedida de solteiro passada ainda está na memória do noivo temente quanto a possibilidade de acontecimentos parecidos com os que ocorreram em Las Vegas se repetir. O casamento, dessa vez, acontece na Tailândia, país de sua noiva, terra que irá unir os lobos do primeiro filme, Stu, Phil (Bradley Cooper), Alan (Zach Galifianakis) e Doug (Justin Bartha). O grupo irá comemorar na praia juntamente ao irmão da noiva, Teddy (Mason Lee), mas, após o primeiro gole de cerveja, uma amnésia coletiva, os caras acordam num quarto estranho com um dedo decepado, um homem nu e um macaco com a jaqueta dos Stones. “Se Beber, Não Case! Parte 2” vem dar seqüência ao primeiro filme de enorme sucesso em 2009 com pretensões de seguir os passos e consolidar uma nova franquia.

A trama escrita por Scot Armstrong, Craig Mazin e pelo diretor Todd Phillips não envolve como a acontecida em Las Vegas e foge a regra do politicamente correto ao carregar cenas apelativas e de discutível teor sexual: não há economias em personagens nus, palavrões e deboches libidinosos. Não que isso seja um problema, mas limita o público. No entanto o diretor pouco se importa, arrasa o roteiro com piadas funcionais que provocam gargalhadas, proposta vencida no primeiro longa e repetida a exaustão neste segundo. Aliás, o primeiro filme é completamente adaptado aqui numa situação ainda mais inusitada e absurda, porém bem menos inteligente.

A força reside novamente nos ótimos personagens. Phil segue seguro e posa como galã, Stu continua histérico e Alan incompreensível e irrepreensivelmente como o melhor personagem dentre os três. Doug pouco acrescenta, novamente é ignorado. Teddy é outro que não dura muito. Parece que é preciso centrar no trio principal e explorar mais esses caras que tanto sucesso fizeram. Zach Galifianakis que já angariou fãs no primeiro filme vai fisgar novos espectadores graças ao seu timing cômico preciso que o torna facilmente num dos mais interessantes comediantes dos últimos anos. Alan é engraçadíssimo, surge tímido, e logo deslancha com as melhores piadas e gags do roteiro – sua dúvida sobre o que está acontecendo na boite e a cena em que joga uma corda querendo ancorar uma lancha na areia são impagáveis.  

Profundamente exagerado, “Se Beber, Não Case! Parte 2” pretende lançar vôos mais altos e se vale do excesso em todos os sentidos para não se estabelecer como uma extensão da primeira parte. Falha por querer ser maior do que é; ou por se interessar unicamente pela bilheteria. Mas nessa ilustração abastarda, numa contextualizada perigosa e enigmática Bangcoc, o trio se aventurará por estranhos e misteriosos caminhos e terminarão sujos, machucados, tatuados, carecas e com novas experiências sexuais com aqueles que a cidade reserva omissamente, os katoeys (travestis).  

Todd Phillips, diretor do primeiro filme, recria um cenário sem o luxo de Las Vegas, mas adequadamente exótico, e une os personagens numa nova roubada que arrasta ainda o sequestrador Sr. Chow (Ken Jeong) do primeiro filme. A fotografia pouco acrescenta diante a possibilidade da retratação local – observe a cena em que juntos no mar admiram a paisagem bucólica, é um dos únicos momentos em que acompanharemos a beleza que aquela terra reserva. O longa conta também com participações pra lá de especiais, como a de Paul Giamatti que, numa determinada cena ao segurar uma taça, remete diretamente a seu personagem em “Sideways” como também coloca o ator e diretor Nick Cassavetes numa ponta vivendo um tatuador. Dentro do percurso previsível e abusado, a fartura é seu humor usual e os novos recursos buscando a oportunidade dessa nova história dar certo. Faz-se necessária uma nova desculpa para chapar esses caras e demonstrar o quanto adultos podem ser infantis e estúpidos para nos fazer rir com isso. 

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Cinema: o que vem por aí... (007)


Legião Urbana anda inspirando o cinema

Ei, todos estão sabendo da adaptação da música “Faroeste Caboclo” para o cinema. Mas não é somente ela. A O2 Filmes do cineasta Fernando Meirelles está adaptando “Eduardo e Mônica”, outra famosa canção do grupo de Renato Russo. A direção é de Nando Olival, de “Domésticas”. E já tem até foto:


 A Torre Negra

Fãs de Stephen King, não se preocupem, a produção de “A Torre Negra” não irá parar. Ao menos é o que garante seu diretor, Ron Howard. Ouve problemas com o orçamento o que adiou as filmagens, mas está tudo bem encaminhado e o filme deverá sair. Ou melhor, a trilogia irá sair. 

Megan Carrie Fox

Seria impensável imaginar Megan Fox na pele de “Carrie – A Estranha”. O filme de enorme sucesso de 1976, dirigido por Brian De Palma, deverá ganhar mais uma refilmagem e quem se prontificou a viver a adolescente bullymizada é Megan Fox, atual musa do cinema. A atriz diz ser fã do longa original e não teria problema em se passar por uma adolescente. E Hollywood segue desenterrando boas histórias e as estragando.

A Pequena Sereia

Apreciadores da animação “A Pequena Sereia” poderão ver o filme em breve numa versão em live-action. Se Branca de Neve, Cinderela, Chapeuzinho Vermelho, já ganharam ou estão ganhando versões com humanos, que tal “A Pequena Sereia” ganhar uma versão também? Um dos produtores deverá ser Tobey Maguire (o ex Peter Parker) e a direção de Shana Feste.

Mortal Kombat

Muitos estão acompanhando a webserie Mortal Kombat Legacy. Pois a Warner também está e quer rodar um longa metragem com os atores da série. A idéia é seguir com o que foi visto nestes episódios (faltam 3 para finalizar). A direção continuaria a cargo de Kevin Tancharoen e os fãs, no mínimo, poderão começar a contar os dias para 2013, ano de seu provável lançamento.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Proseando sobre... Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas


Recolher âncora!!! “Piratas do Caribe” está de volta 4 anos depois do último filme. O produtor Jerry Bruckheimer decidiu trazer os piratas para a tridimensionalidade. Os fãs extasiados esperaram para conferir as novas peripécias de Jack Sparrow e poderão mais do que nunca acompanha-las, uma vez que, aqui, definitivamente, Sparrow é o centro das atenções. Orlando Bloom que vivera Will Turner e Keira Knightley que encarnou a bela Elizabeth Swann saíram do barco juntamente ao diretor Gore Verbinski. A diferença com essas ausências é tristemente notável. Restou Sparrow e ele continua sendo um canalha, aquele canalha que conquistou multidões. O filme é seu, e isso não garante que “Navegando em Águas Misteriosas” seja um grande trabalho.

Enriquecido pelo design de produção e pelas exuberantes locações tropicais (boa parte das filmagens aconteceram nas ilhas Kauai, Oahu, Porto Rico, Palominito e na Grã-Bretanha), essa quarta parte ilustra seus artefatos com uma ótica preocupada com a estética – é visível a tentativa do diretor em buscar realçar a beleza de seu projeto, constantemente focando mesmos ângulos. Quase o ouvimos dizer: “viu? Você observou isso?”. Algo que, inevitavelmente, se distancia de uma história cheia de personagens em potencial de torná-la interessante, grandiosa e épica.

Nessa história que se inicia na Espanha quando alguns homens descobrem o aparecimento de Ponce de Leon e da real existência da Fonte da Juventude, uma caçada até esse tesouro começa. Entrarão nessa os exploradores espanhóis, os ingleses liderados pelo Capitão Barbossa (Geoffrey Rush) e o pirata Barba Negra (Ian McShane) a bordo do barco “Vingança da Rainha Ana”. Os interesses, até certo ponto, parecem ser mesmo a fonte da juventude. Mas ao longo da narrativa iremos identificar o que cada um realmente deseja. Durante o percurso proposto no longa, presenças ilustres são notadas como a de Richard Griffiths vivendo o Rei George II, Judi Dench numa ponta cômica e Keith Richards, a inspiração de Depp para Sparrow, encarnando novamente seu pai, o Capitão Teague. 

Nesta busca pela Fonte da Juventude não faltarão grandes entraves e tentações pelo caminho. Os zumbis anunciados no trailer pouco acrescentam à trama ao surgirem como servidores do Barba Negra. Este se revela o vilão nessa quarta parte. Mas também há a beleza das sereias que emergem graças a luz e ao canto. Suas aparições, aguardada pelos marujos tementes, não demora a acontecer. A primeira que se manifesta é vivida pela famosa modelo Gemma Ward; outra que surge e permanecerá em cena ganha as curvas da atriz espanhola Astrid Berges-Frisbey. Aqui ela vive a sereia Syrena e quase assume a função que anteriormente era de Knightley. Esta seqüência não ignora o romantismo.

Syrena é encontrada pelo missionário Philip (Sam Claflin) que praticamente prega a palavra de Deus durante toda a projeção. Encantado pela beleza da moça e arrependido por ser responsável por sua captura, o jovem viverá um tipo de Will Turner visando libertar a sereia, detentora do ingrediente principal para a proposta da Fonte da Juventude funcionar. A dupla possui pouco tempo em cena e sofre para tornar seus personagens relevantes. Mas não são somente eles que brindarão ao amor nessa quarta parte. Angélica (Penélope Cruz), que vive entre tapas e beijos com Sparrow, fortalecerá a concepção de um subgênero, a comédia romântica, ao melhor estilo “Sr. e Sra. Smith”. Cruz é adorável e dificilmente soa como ameaça.

O roteiro é novamente da dupla Ted Elliott e Terry Rossio, os mesmos responsáveis pela trilogia, agora os caras estão incumbidos de dar um novo rumo a franquia que deverá ganhar mais dois filmes. A narrativa desenrolada nessa sequência é baseada na história de Tim Powers. Porém, essa quarta parte, sofre do mesmo problema de “No Fim do Mundo” com seu confuso desenvolvimento. Aqui é ainda pior, nem tudo é tão atrativo e vários de seus acontecimentos soam banais. As artimanhas dos personagens são inverossímeis, todos parecem perdidos em suas funções. E o que dizer da história sobre um homem sem uma perna fazer parte do destino final de Barba Negra? De onde saiu isso? Seria mais fácil aceitar esse quarto filme como parte de um desenho animado onde algumas coisas inesperadamente brotam e desaparecem sem percebermos.

Gore Verbinski deixou a cadeira de diretor para o oscarizado Rob Marshall dos musicais “Nine” e “Chicago” e do luxuoso “Memórias de uma Gueixa”. Percebe-se que o diretor tem muito jeito para as coreografias, entenderemos ao assistirmos as cenas de luta, embora essas não tragam qualquer novidade. Marshall também preza a magnificência das cenas: a fotografia turva de Dariusz Wolski e o ótimo desenho de produção de John Myhre (parceiro habitual do diretor) garantem um visual encantador. Mas se tratando de uma aventura, e se aventura compreende ação, e ação seja um marco da trilogia, essa quarta parte inflama possibilidades, mas cadencia um ritmo arrastado e nada impressiona quando os combates sucedem. Fica uma contação de histórias com diálogos rasos e piadinhas cuspidas à deriva.

Felizmente “Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas” não vendeu sua alma, Jack Sparrow. E que sacrilégio seria se tivesse feito. O pirata caricato toma conta de todo o filme com o talento e irreverência de Johnny Depp. Se a história não apetece, Jack Sparrow ao menos garante a diversão com seu trejeito, dicção e singularidade tão famosa que lhe transformou num dos personagens mais icônicos dos últimos anos. Tal fato me leva a rever uma questão que já propus: será que “Piratas do Caribe” funcionaria sem Sparrow? Hoje, após conferir esse quarto filme, não teria dúvidas em afirmar que não.

PS. Como nos outros filmes, há uma cena após os créditos.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Promoção: Sorteio "Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas"



CADA PARTICIPANTE TERÁ UM NÚMERO. O VENCEDOR SERÁ O DONO DO NÚMERO SORTEADO NO SITE: WWW.RANDOM.ORG/

PARTICIPANTES:
@rafaella__ - 01 / @pedrao120896 - 02 / @babiGSG - 03 / @cagol97 - 04 / @_luizcs - 05 / @Larabrasileiro - 06 / @MarcelloCoxa - 07 / @jummig - 08 / @LarissaTesti  - 09 / @elisaerino - 10 / @Thany_L - 11 / @otaviohsp - 12 / @zandracarvalho - 13 / @biancaterranova - 14 / @rafarsiqueira - 15 / @georgegxp - 16 / @lord_vaynard - 17 / @NatiiiDiiias - 18 / @rodrigoithi - 19 / @RafaJaconDutra - 20 / @mandycca - 21 / @diaskarla - 22 / @Kaaroldias - 23 / @christiane2624 - 24

VENCEDORES



Cinema: o que vem por aí... (006)


Faroeste Caboclo

As filmagens de “Faroeste Caboclo”, filme baseado na canção do Legião Urbana, anda movimentando Goiás e Brasília, terra escolhida para ambientar a história de João de Santo Cristo que se passa nos anos 70. O filme quer, não somente fisgar os fãs da música, mas todo o público brasileiro. O longa conta com a presença de Fabrício Boliveira vivendo João de Santo Cristo e Isis Valverde como Maria Lúcia. A direção é de Renê Sampaio. O longa deve chegar aos cinemas em Outubro. 

  
O Grande Dragão Branco no Brasil

Acreditem ou não, “O Grande Dragão Branco”, filme oitentista de Jean Claude Van-Damme, ganhará um remake em breve dirigido por Phillip Noyce (“Salt”, “O Colecionador de Ossos”). E tem mais, a historia se passará no Brasil, com um ex militar vindo se recuperar dos traumas da guerra e logo se percebe envolvido numa competição de artes marciais.  

E tem mais Remake

“A Hora do Espanto”, outro clássico oitentista, irá estrear no Brasil em Setembro. O filme foi dirigido por Craig Gillespie (“A Garota Ideal”) e conta com Colin Farrel vivendo o vampiro Jerry Dandrige. O longa já tem trailer (assista-o clicando AQUI).




Mann retorna em produção de época

Michael Mann, diretor de grandes obras como “O Último dos Moicanos”, “Fogo contra Fogo” e do recente “Inimigos Públicos” vem sendo assediado em Hollywood. O diretor, por sua vez, após uma série de recusas, finalmente aceitou um projeto. “Azincourt”, livro de Bernard Cornwell, ganhará adaptação cinematográfica pelas mãos de Mann. O filme percorre a Guerra dos Cem Anos centrando no personagem Nicholas Hook, arqueiro do exército de Henrique V. A confirmação da produção foi dada em Cannes.

Walter Salles adapta obra de Jack Kerouac

“On the Road” é a célebre obra do escritor marginal Jack Kerouac. Tal obra ganhou uma versão para o cinema através das mãos do brasileiro Walter Salles e ainda foi produzido por Francis Ford Coppola, o cara que filmou a melhor trilogia de todos os tempos, “O Poderoso Chefão”, também baseada numa obra literária, no caso, de Mario Puzo. O filme conta a história de uma viagem entre amigos de Nova York até Los Angeles utilizando a ótica de como o jovem interage com o mundo. O elenco conta com Steve Buscemi, Alice Braga, Terrence Howard, Kristen Stewart, Garrett Hedlund, Viggo Mortensen e Kirsten Dunst. Ainda não tem data para estrear.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Proseando sobre... Água para Elefantes


Há quem não goste de palhaços. Há quem não goste de animais no circo. Há quem não goste de circo. Há quem não goste de Robert Pattinson. E como há. “Água para Elefantes” traz a tela o espetáculo de um circo em pleno anos 30, período da depressão estadunidense com a pobreza e a fome tomando conta da população. Nesse período, Jacob Jankowski (Pattinson), um estudante universitário de medicina veterinária, descobre que não possui bens após um acidente fatal com seus pais e se vê obrigado a largar a faculdade, abandonar a casa e se lançar no mundo sozinho. Acaba encontrando um trem carregando toda uma tripulação circense. Esse prelúdio de uma vida, agora, sem nada a perder, é contada por Jacob em dias atuais (Hal Holbrook), narrando com delicadeza seus tempos no extinto circo dos irmãos Benzini.   

Baseado no livro homônimo de Sara Gruen, esse drama romântico dirigido por Francis Lawrence (“Eu sou a Lenda”) é absolutamente sensível na forma de contar sua história, concentrando no vislumbre de um jovem sobre uma das principais atrações no picadeiro, Marlena Rosenbluth (Reese Witherspoon), que é um tipo de encantadora de cavalos. Os dois são contrastados através do figurino simples e apagado de Pattinson enquanto Reese irradia luz e luxo. Obviamente, ela é a estrela do circo, os holofotes a iluminam, mas é uma moça comprometida, – tinha de ser – e justamente com o dono do circo, o severo August Rosenbluth (Christoph Waltz). As apresentações do circo são curtas, mas sua beleza é exposta pela fotografia de Rodrigo Prieto que prioriza cores quentes.

A estrutura do roteiro, escrito por Richard LaGravenese, parece procurar ressaltar a todo instante a possibilidade desse romance acontecer e encontrar algum fim Shakesperiano. Imaginamos constantemente que aquilo não irá dar certo. Falho nesse sentido, o roteiro, que embora seja desenvolvido em 120 minutos, é por vezes insosso na proposta de exprimir motivações de seus personagens, sobretudo a de Reese, e peca também ao explorar a perversidade de August apenas com o intuito de diagnosticá-lo como vilão transformando a trama num maniqueísmo barato e esquemático, além da pieguice romântica. Ele é agressivo e importuno, diz que tudo não passa da uma ilusão. Se precisar reduzir gastos, ou algum dos homens estiver doente, não reluta em descartá-los e arremessa-los do trem em movimento.

Tal acerbo faz em dados momentos lembrarmos do Coronel Hans Landa de “Bastardos Inglórios”, papel que deu a Christoph Waltz o Oscar de melhor ator coadjuvante. Waltz vive novamente o vilão, embora se revele frágil em alguns momentos, converte-se na maioria dos atos num austero líder, com o brilho incandescente da atuação desse grande ator. Junto a ele, Reese, com sua tradicional atuação metódica, vive uma personagem simples e sem grandes destaques que ganha atenção unicamente por seu olhar terno – sua personagem não é tão interessante assim a ponto de nos fazer sensibilizarmos. Já Robert Pattinson, alvo de críticas desde seu desempenho infeliz em “Crepúsculo”, também não impressiona aqui, mas vence, sim, pelo seu visível esforço em dar alguma dignidade a Jacob Jankowski. Demonstra com isso ser um ator procurando melhorar fugindo do estigma do “vampiro”. Mas fica um pouco complicado se destacar quando se divide a tela com Reese Witherspoon e Christoph Waltz.

O desenvolvimento dessa história é custoso, com momentos bastante humorados e outros aborrecidos, como exemplo quando Jacob anda pelo trem e ganha tortadas de palhaços; ou a dança juntamente a Marlena no vagão enquanto August está dormindo; e também no desenrolar previsível do mocinho e mocinha se amando em segredo planejando uma fuga. São problemas de roteiro e de uma direção pouco inspirada que compromete o resultado dessa adaptação literária – não li o livro. Embora lembre, o filme termina longe de ser um novo "Diário de uma Paixão". Mas algo que vem dar algum crédito a narrativa e é algo gigante, a elefanta Rosie, dócil e adorável, funciona não só como a nova atração capaz de salvar o "Mais Espetacular Show da Terra", segundo o dono do circo, mas ser a intersecção do casal romântico minando no reconhecimento no papel de cuidador, algo que Marlena, eu sua doçura e compostura, não tinha naquele ambiente. E não estranha que o compasso do filme credite o zelo e o companheirismo como soluções para o sucesso. 


domingo, 15 de maio de 2011

Proseando sobre... O Noivo da Minha Melhor Amiga


Comédias Românticas tem um público bem definido. É um dos únicos gêneros que os tem. E muito embora traga histórias cujos desenvolvimentos se repetem e o final são previsíveis apenas por olharmos seus cartazes, ainda assim, conseguem atrair olhares e atingir os corações daqueles que apreciam assistir um romance acontecer. Cada vez mais essas comédias vem apostando na personalidade de seus protagonistas procurando, muita vezes sem sucesso, se desprender das caricaturas dos clichês usuais do gênero e torna-los verossímeis. Assim, uma ou outra se destaca, embora ainda acabem caindo no lugar comum que contextualizam essas histórias. “O Noivo da Minha Melhor Amiga” tenta se debruçar em outros horizontes, e até dribla por vezes a previsão, mas não foge da maldição de seu gênero.

A aniversariante Rachel (Ginnifer Goodwin) ganha uma grande festa de aniversário da sua amiga de infância, a espalhafatosa e egocêntrica Darcy (Kate Hudson) – Hudson revive uma noiva, mas sem guerra. Após alguns goles, Darcy é obrigada a deixar a festa, mas esquece sua bolsa caríssima, e seu namorado, Dex (Colin Egglesfield, com pinta de Tom Cruise), tem de voltar para pega-la e acaba pegando também a aniversariante, melhor amiga e madrinha da noiva. A manhã seguinte é puro constrangimento e arrependimento, mas é também a oportunidade de reaver o passado. Reaver a vida e as oportunidades deixadas em tempos que não voltarão mais. Para contextualizar, entram os flashbacks.

Dirigido por Luke Greenfield de “Show de Vizinha”, esse trabalho, baseado no romance de Jennie Snyder, possui um ritmo diferenciado no desenvolvimento de sua trama. Sem pressa, somos apresentados as razões de seus protagonistas chegarem até aquele ato matrimonial e o peso que o passado tem sobre suas vidas. É natural o público ir contra os adúlteros, mas aqui curiosamente se flagrarão torcendo pela madrinha Rachel. A culpa não é do espectador, o roteiro busca inocenta-la desde o primeiro minuto quando a apresenta tímida e gentil, ao contrário da insuportável Darcy. Este é um lugar comum que comédias românticas procurariam investir para direcionar ao ato final, mas, há algo a mais a se considerar.

Hudson, que jamais repetiu um grande papel desde “Quase Famosos”, vive neste longa uma amiga legítima, mas que precisa estar sempre em destaque ofuscando a outra, Rachel, a nerd formada em direito responsável por lhe apresentar Dex num passado não tão distante. Para compreendermos e nos sensibilizarmos pela considerada feia da história, não faltarão lágrimas, chuvas, luzes ofuscantes em bares, bebidas e Radiohead. Há ainda a expectativa de como e quando a noiva irá descobrir sobre a traição. Bilhetes? Mensagens no Celular? Secretária Eletrônica? Tudo inspira desconfiança.

Luke Greenfield coloca um duelo em cena com a omissão e desconforto contra a chance de ser feliz e tudo fazer sentido – se é que é possível fazer. A amizade entre mulheres é posta a prova buscando nessas companheiras de infância um cume futuro. Será que essa condição de amizade resistiria a uma traição como a que acontece neste filme? É uma das propostas desenvolvidas em cena que conta com bons personagens secundários, destaque pata Ethan (John Krasinski) que dá um tom dramático e reflexivo a narrativa ao mesmo tempo que foge de uma garota. É ele quem inspira o cuidado da protagonista motivando-a a ir atrás de seus desejos sem temer o que terá de enfrentar. “O Noivo da Minha Melhor Amiga”, portanto, divide-se em comédia romântica e dramalhão romântico, explorando a crise dos 30 anos incutida a partir escolhas e arrependimentos tardios.


sábado, 14 de maio de 2011

Proseando sobre... Padre


“Padre”, novo filme de Scott Stewart, baseado nos quadrinhos do coreano Hyung Min-Woo, sofre para trazer em cena algo verdadeiramente funcional. E para piorar, compromete a carreira de Paul Bettany que há algum tempo não oferece nada de especial. Os dois já haviam trabalhado juntos no fracasso “Legião” e retornam com um filme duvidoso sobre um conflito entre a igreja e vampiros. Na espera de alguma novidade, não resta nem o interesse de rever o já visto – com um amontoado de cenas de ação aborrecidas – por simplesmente falhar ao tentar nos prender atenção. Não há reza que irá salvar esse “Padre”.

Sem muita expectativa, aguardando um filme sombrio, nos adentramos ao cinema pretendendo desfrutar de qualquer diversão. O clima sugere perigo, mas este perigo é frágil, contando que o herói da história seja um verdadeiro avassalador de vampiros monstruosos e carniceiros que felizmente não brilham no sol. Aí fica difícil algo aterrorizar. Demora muito até que um conflito interessante aconteça e outros que, provavelmente aconteceram, foram cortados sem qualquer pena no filme, ou o orçamento não tinha como cobri-los. A cena em que 3 padres enfrentam o vilão é completamente ignorada.  

Os Padres foram guerreiros treinados pela igreja para lutar contra os vampiros que amedrontavam os humanos e venciam exércitos por serem mais ágeis e fortes. O planeta foi devastado durante esse embate secular. Mas, 5 Padres tomaram a dianteira e dizimaram essa população sanguinária restituindo uma paz imperada pela igreja de uma maneira segregadora e contraditória. No entanto, algo está acontecendo, o irmão do personagem de Bettany foi atacado e teve sua filha sequestrada. O responsável pelo feito aparenta não ser nem humano e tampouco vampiro pelas marcas deixadas. Há algo novo surgindo e é preciso ser contido.

A direção de Scott Stewart não busca em nenhum momento explorar a temática que insere seus personagens. O contexto é um fascismo religioso dominado por senhores que utilizam do poder da fé para angariar fiéis e ameaçam qualquer um que contrarie tal ortodoxia. Este símbolo imperador é retratado com decência por Christopher Plummer que vive o Monsenhor Orelas. Interessante, também, é o papel de um homem que cria superstições e ensina como lidar com elas, ganhando pelos dois lados, vendendo solução para o inexistente. O roteiro com potencial de ser algo a mais do que um filme de vampiros contra humanos consegue o feito de nos distanciarmos do que realmente interessava ao propor combates mornos com alegorias formidáveis. As cruzes que se transformam em punhais e pequenos crucifixos que se convertem em shurikens fascinam. Mas é pouco. É quase nada.

Decidido em entreter, o filme de aspecto obscuro revela o poder que estamos sujeitados e a ignorância mediada pelo consentimento sem questões. A inserção, portanto, é num mundo turvo, infeliz, nocivo, e a fotografia de Don Burgess não se cansa de salientar esse cenário mórbido cujo sol, quando este dimana, pouco ilumina. O que resta então é se rebelar e fazer algo por si não importando quais sejam as conseqüências: e o Padre não estará sozinho nessa aventura. Ao seu lado o jovem xerife Hicks (Cam Gigandet), cujo talento com armas pouco ajuda, e a corajosa sacerdotisa (Maggie Q), tão habilidosa como o Padre, tentarão salvar o mundo. E tentarão motivar continuações estebelecendo uma nova franquia. Será que rola?


quarta-feira, 11 de maio de 2011

Cinema: o que vem por aí... (005)

von Trier volta com provável tragédia

Para quem não viu, o novo filme de Lars von Trier (“Anticristo”, “Dogville”) ganhou cartaz e trailer. A estréia no Brasil acontece em Agosto. Imperdível.

"Melancholia" vem fala de duas irmãs que têm sua relação desafiada pela proximidade de um planeta que ameaça colidir com a Terra. O elenco conta com as presenças de Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg e Kiefer Sutherland. 


 Confira o trailer clicando Aqui
   
Menos polêmica, por enquanto...


“O Mágico de Oz” volta para as telonas

Em 2012 será lançado um Prelúdio de “O Mágico de Oz” e há quem se sentirá ofendido. Mas, esse trabalho, que será dirigido por Sam Raimi, promete fazer jus a história que conta no elenco com James Franco e Mila Kunis e recentemente fechou com Rachel Weisz. Essa viverá a bruxa Evanora.

A garota dos sapatinhos vermelhos terá o que temer?

Clooney de estimação
“Human Nature” poderá unir Darren Aronofsky e George Clooney. O diretor dos cultuados “Pi”, “Réquiem para um Sonho” e do recente “Cisne Negro” deverá dirigir Clooney num filme sobre alienígenas que tem os humanos como animais de estimação.

Sem previsões, por enquanto...

O planeta novamente ameaçado

O planeta terra é alvo de criaturas fantásticas. Isso não tem sido novidade ultimamente. Mas agora, elas irão destruir todas as cidades no planeta e os humanos terão de construir armas com tecnologia de ponta para combater essa ameaça. 

A boa notícia está na direção, Guillermo Del Toro, que dirigiu “A espinha do Diabo” e o soberbo “O Labirinto do Fauno”. O roteiro é de Travis Beacham, que escrever “Fúria de Titãs”. Ahhh, o projeto chama-se “Pacific Rim”.



“The Master” sairá do papel

Paul Thomas Anderson, diretor de obras primas como “Sangue Negro” e “Magnólia” finalmente conseguiu investimento para seu mais novo projeto que promete incomodar alguns. A cientologia vai entrar em cena através de uma história de um sobrevivente da guerra. Estrelado por Philip Seymour Hoffman e Joaquin Phoenix, o longa começará a ser rodado em Junho.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Proseando sobre... VIPs


“VIPs” apóia-se naquela idéia de ser quem você não é, seja por desejo, por fuga ou por patologia. Ser o outro, ou criar um outro ser, é a proposta do filme de Toniko Melo, baseado no livro “Histórias Reais de um Mentiroso” de Mariana Caltabiano que mais tarde virou documentário de mesmo nome. A vida de Marcelo do Nascimento nos é apresentada de uma maneira descontraída postando em cena artimanhas de um jovem que conquistou distintos status sociais ao assumir identidades falsas tanto no Brasil quanto no Paraguai culminando no carnaval recifenho.

De início conheceremos um jovem introvertido, distraído, perdido em pensamentos, mas impressionantemente inteligente. Este é Marcelo, vivido por Wagner Moura, rejuvenescido e adotando um penteado horroroso. Moura impulsiona um grandioso personagem e dá conta de todas suas facetas sem perder o brilho seja em suas explosões emocionais furtivas, na desordem de seus sentimentos quanto a crença de quem realmente é e nos delírios que o acompanham inspirando-o a conquistar um objetivo inicialmente prometido. Novamente o ator prova ser um dos maiores talentos nacionais.

De um jovem aspirante a piloto, Marcelo se envolve com uma quadrilha paraguaia e se torna uma referência no ramo da aviação clandestina; em outro momento se passa por um dos diretores da Gol e goza deste feito. Sempre relacionado a aviação, os personagens criados pelo protagonista são definitivamente aéreos, confundindo não só sua mutável identidade como o público que constantemente desconfia sobre sua sanidade. Esse desenrolar da narrativa que segue acompanhando de perto o personagem central é leve, soma piadas e gags visuais, tirando risadas orgulhosas do público.

A confusão, ou desorientação, sugestionada pelos lapsos em que Moura tem da realidade é coordenada com destreza e sem muita inventividade, mesmo dividindo o espectador sobre a condição de seu protagonista, o que pode incomodar alguns. Mas este falsário é bárbaro pela lábia e engenho de lidar com situações: as cenas do interrogatório num presídio denota uma habilidade de um legítimo contador de histórias fazendo da fantasia absurda uma informação intimidante e ousada. Em meio a elaborações e catarse, Marcelo se dissipa em seus vários e bem caracterizados personagens num clima noventista, que vai desde estilizações, sucessos e modelos da época – as fotos num salão de beleza e as canções do Legião Urbana.

O diretor Toniko Melo dá total liberdade ao elenco e não se rende a vícios, sendo seu protagonista uma versão brasileira de Frank Abagnale Jr., vivivido por Leonardo DiCaprio em “Prenda-me Se For Capaz”. O Brasil ganha seu falsário e mesmo que isso não seja algo positivo, para o cinema, frente a qualidade e estrutura que a história se submete, é uma vitória. E essa beleza narrativa desenvolvida encontra ainda um grande momento a partir de uma foto de um carnaval passado com Gisele Fróes, a mãe de Marcelo, mascarada no meio de dois homens, semelhante a uma visão recente do protagonista, estímulo que o leva diretamente a sua, agora distante, realidade.