sábado, 23 de julho de 2011

Proseando sobre... Assalto ao Banco Central


Um dos maiores crimes acontecidos no Brasil chegou às telonas. “Assalto ao Banco Central” vem registrar o que aconteceu dia 06 de Agosto de 2005 em Fortaleza, data em que 164.7 milhões de reais foram roubados do Banco Central da cidade sem deixar grandes vestígios. Esta operação foi um marco da criminalidade reunindo poderosos e um grupo apto a realizar grandes roubos. Em cena atores globais estão juntos para representar o passo a passo dessa operação e seu pós, com as investigações e capturas de alguns envolvidos. Adotando uma narrativa que mescla esses dois extremos, este longa de Marcos Paulo surge como uma potencial super produção. Fica apenas na sugestão.

Milhem Cortaz, um dos astros de “Tropa de Elite”, vive aqui o Barão, chefe da organização criminosa responsável pelo recrutamento da equipe. O personagem, de cara, já nos é apresentado com imponência, ao constatarmos seu interesse por estratégias, quando a câmera imediatamente após filma-lo numa calorosa cena de sexo concentrar-se em seu livro de cabeceira, “A Arte da Guerra” de Sun Tzu. Não sendo o bastante, está sempre atrás de um jogo de xadrez jogando sozinho ou surgindo repentinamente com uma resolução para uma charada. Em outra instância, o oficial Chico Amorim (Lima Duarte) segue na cola do grupo, ora demonstrando habilidade com induções, ora revelando ineficácia e pouca compreensão do caso.

Com um grande grupo de personagens, o roteiro de Renê Belmonte e Lucio Manfredi tem pouco tempo para explorar tantos nomes, priorizando estrelas, fazendo charme e buscando viabilizar algum humor, o que torna o filme numa salada mal distribuída, algo sem identidade. Dentro do grupo, além dos personagens de Lima Duarte e Cortaz, vale ressaltar Telma Monteiro (Giulia Gam), uma policial eficiente e lésbica; Mineiro (Eriberto Leão), o boa praça e braço direito do Barão; e Carla (Hermila Guedes, estrela do bom “O Céu de Suely”) vivendo uma divisora de águas, sem tanto fundamento a operação, mas disputando corações. Ainda estão no elenco gente do calibre de Gero Camilo, Cássio Gabus Mendes, Tonico Pereira e Milton Gonçalves, esse último numa das pontas mais interessantes da história envolvendo ganância religiosa.  

Marcos Paulo inicia seu filme como um legítimo longa de investigação com energia suficiente para provocar tensão constante, mas tira o pé do freio em vários momentos tornando o trabalho frágil em sua composição e sem força para retomar um ritmo que era poderoso. Falho também são as disposições dos personagens, surgindo na maioria dos atos de uma maneira pouco convincente. E tanto humor também atrapalhou, uma vez que o diretor nunca perde a chance de abusar de situações que inspirem qualquer piada. No entanto, para um universo tão cheio de detalhes, o diretor consegue clarear todas as situações não deixando margens para questionamentos. Ignorando apenas seus aspectos técnicos e algumas escolhas do realizador, Assalto ao Banco Central” bebe da fonte de vários trabalhos hollywoodianos do gênero e diverte com o que propõe, mas é minúsculo frente a outras obras do nosso cinema que não possuem devida atenção e divulgação.

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