terça-feira, 12 de julho de 2011

Proseando sobre... Cilada.com


Claramente olhando para Hollywood, no buraco em que se encontram os menos inspirados besteiróis, este “Cilada.com”, produção nacional regada a piadas chulas, retrata uma situação cada vez mais comum hoje em dia, a fama conquistada por um ato infame, cuja vítima vira sensação momentânea na internet até outra aparecer. Este é o mais novo trabalho de José Alvarenga Jr., o cara que esteve por trás de alguns filmes dos “Trapalhões” e que filmou recentemente o interessante “Divã”. Esta obra, diante sua pretensão, frustra, pouco nos diverte e muito aborrece aqueles acostumados a assistir várias e boas comédias. Reciclagem é boa quando faz-se dela algo original, assim, 90% das piadas não funcionam e “Cilada.com” torna-se uma cilada para o espectador.

Originado do programa “Cilada” exibido no Multishow, o projeto traz Bruno (Bruno Mazzeo) como vítima da internet, num vídeo de sexo constrangedor postado por sua ex-namorada Fernanda (Fernanda Paes Leme) vingando uma traição. O rapaz vira alvo de chacota entre os amigos e precisa fazer algo para melhorar sua reputação. Aí entram uma série de ciladas. Num arco proposto no estilo “American Pie”, o filme se desenrolará ambicionando risadas, no entanto a criatividade ficou fora do set. Ao menos há alguma recreação com Fúlvio Stefanini e seu cabelo no estilo Ray Conniff.

O protagonista é o popzão, o pegador de mulheres, um sucesso, uma mentira. Estamos falando de um personagem ruim de cama, ruim de papo, péssimo namorado e péssimo publicitário. E ainda faz o papel do desligado interessado em futebol que se contenta em rever, enquanto transa, o gol que originou o retorno do Vasco a primeira divisão do Campeonato Brasileiro. O que tornaria esse personagem interessante para o público? A irreverência de Bruno Mazzeo. Mesmo que este revele uma limitação enquanto ator, demonstra um bom timing cômico quando exigido e é absolutamente carismático.

O filme parece buscar inspiração em “Gigolô por Acidente” sem o excesso de Rob Schneider, colocando mulheres com distintas características (bafo, pênis, sadomasoquismo) para provocar riso fácil. É um estupor de tentativas, quase um atentado ao bom senso quando flerta com o exagero. As situações propostas servirão apenas para o protagonista refletir que quem ele ama é aquela que ele traiu. Assim, a comédia pastelão se rebela e vira comédia romântica, daquelas mais indigestas. E observe que há argumentos interessantes deixados de lado, como exemplo os programinhas de final de tarde que se atém a desgraça pessoal por audiência.

Raramente engraçado, “Cilada.com” abraça clichês e os utiliza sem a menor preocupação. Este equívoco arrasta o filme e o lhe torna interminável. É o deslize na carreira de José Alvarenga Jr. que parece estar completamente ausente no projeto. De valor unicamente comercial, este é um filme que será agraciado nas bilheterias pela fama, mas não faz jus a espera do que se supunha: ser divertido e cômico. Um lamento para quem aprecia o cinema brasileiro ver outro sucesso do momento ser agraciado até aparecer outro e torná-lo descartável. 

2 comentários:

  1. Marcelo, adorei a critica!!! huauhauhuha Ce sabe que eu penso o msmo neh!? uhahuhu e nem parece que o diretor eh o mesmo de Diva!! Aconselho + Diva viu?! heheh

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  2. Nossa, tanta gente que conheço gostou e vc deu 2, hehehehe

    Preciso ver pra tirar a dúvida, heheh

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