quarta-feira, 6 de julho de 2011

Proseando sobre... Os Pinguins do Papai


Jim Carrey está de volta num filme feito para divertir toda a família. Isso é consciente, é o entretenimento dito sadio e politicamente correto cuja moral imposta fica sutilmente nas nossas cabeças. Ao final da projeção, um alívio, uma leveza, vimos um filme bem humorado, vimos um filme com Jim Carrey fazendo suas caras e bocas dignas de Ace Ventura e vimos também Pinguins. Sim, as simpáticas aves estão pela cidade acompanhando e infernizando o personagem de Carrey, Tom Popper, que não tem tempo para coisas que não dão resultado financeiro. A família e os amigos ficam de lado. Sua vida luxuosa é enaltecida com seu apartamento esplêndido e abarrotado de tecnologias, mas vazio de alma e coração. Família? Filhos? Onde estão? 

Mark Waters, diretor de “E se fosse verdade” e “As Crônicas de Spiderwick” assume o posto nessa obra marcadamente cômica, de riso fácil, ao menos para aqueles que se divertem com caretas e situações envolvendo animais. A interação em cena é disposta com capricho por Waters que não expande horizontes, trazendo acontecimentos corriqueiros de filmes do tipo e utilizando de personagens estereotipados, comuns nesse tipo de comédia, como a ex-esposa, Amanda (Carla Gugino), que ainda é apaixonada ou a filha constantemente emburrada e aversiva as atitudes do pai. É um prato cheio para um domingo em família despreocupado e despretensioso. Há ainda a possibilidade de se divertir com animais – mas que não falam, ok? Ótimo.

Os pinguins foram os bichos escolhidos para sustentar leveza da trama. São heranças do pai de Tom. O porque de enviar pinguins numa caixa refrigerada é algo inexplicável. Procuremos esquecer isso. Eles são populares e ganharam participações em longas e documentários recentes, como “Happy Feet” e “A Marcha dos Pinguins”. Também pudera, como não gostar desses simpáticos animais? Seu jeito todo característico remete a um dos maiores gênios do cinema e seu trejeito particular, Charles Chaplin. Não dá para esquecer, ao final de seus filmes, ele caminhando de uma maneira bastante próxima das aves e não estranha a lembrança dele nesta obra, quando dentro do apartamento, os pinguins ficam atentos encantados com filmes do ator televisão na televisão. Está passando “Em Busca do Ouro”, remetendo também ao clima do contexto.

Cômico ao seu modo, – as crianças certamente irão se divertir – esse “Os Pinguins do Papai” é aprazível e moralista sem exageros. O exagero mesmo é por conta de Jim Carrey dedicado completamente ao humor, o que torna seu personagem deslocado em algumas situações dramáticas, embora procure provocar comoção. Frustra. O roteiro prende a nossa atenção quando apresenta em flashbacks, logo no início, a história do protagonista e a relação com seu pai sempre viajando, trazendo lembrancinhas de suas expedições. O contato entre os dois por rádio evidencia esse distanciamento. Aí já pensaremos na importância da relação familiar e o que isso renderá a Tom Popper no futuro. Há ainda outra defesa no filme quanto aos animais ficarem sempre em seu habitat natural, negando a existência de zoológicos. É entretenimento passageiro, com pitada de Capra, mas sem profundidade, porém divertido em sua limitação. 

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