segunda-feira, 9 de abril de 2012

Proseando sobre... Projeto X - Uma Festa Fora de Controle



Amoral, talvez lhe seja uma definição apropriada. Jovens não tão populares se reúnem para comemorar os 18 anos de Thomas (Thomas Mann) e, temendo o fracasso desta, decidem disparar convites aos quatro ventos. Eles querem ter uma grande noite e ganhar popularidade antes do término do ano letivo, além de vislumbrarem mulheres nuas, ter sexo (especialmente esse), música alta e drogas. Tudo vai rolar na bela casa dos pais do aniversariante que viajaram no final de semana. Os preparativos são feitos rapidamente, os convites virais feitos por Costa (Oliver Cooper) logo chegam a pessoas desconhecidas, muito longe dos vários e conhecidos grupos da escola. A noite se aproxima, ninguém parece se interessar em aparecer. Logo, surpresa, chegam alguns, outros, centenas, talvez milhares. Os estereótipos convencionais não demoram a aparecer. As proporções são magnânimas e a talvez maior festa de todos os tempos é constituída.

Incontáveis filmes do gênero buscam se apropriar do universo nerd para explorar seus objetos de desejo, sobretudo suas idealizações pelas mulheres, costumeiramente inalcançáveis. Porém, nenhum exemplar atingiu o nível de escatologia como "Projeto X" e seus lampejos insanos. A censura de 18 anos diagnostica o que o filme trará. Mulheres nuas, consumo abusivo de drogas e violência entre adultos e crianças. É a exposição de gêneros, vivenciando juntos um momento, com suas irresponsabilidades e desnorteamentos. Não é um bom exemplo para ninguém, óbvio. E nem quer ser, não precisam. É uma festa, irresponsável e enlouquecida, o filme a concebe como tal. É para ofender moralistas.

O roteiro da dupla Matt Drake e Michael Bacall, este segundo escreveu “Scott Pilgrim”, vai além da inocência de seus protagonistas, transcendendo ideais morais e éticos. E tudo isso é registrado em primeira pessoa, como a típica filmagem documental, o atual Mockumentary. Essa, aqui, tem função importantíssima, ao contrário do que andamos vendo por aí. E isso é natural, hoje em qualquer lugar, jovens registram sem pudor tudo com celulares. Não importa a qualidade, desde que esteja capturado e possa ser propagado. É uma marca polêmica de uma geração cujos aparatos tecnológicos tornaram-se extensões do corpo humano. O filme tem a assinatura do produtor Todd Phillips, diretor de “Se Beber, Não Case!”.

A direção deste é de Nima Nourizadeh, com atores desconhecidos e belas mulheres, desfilando com seus corpos jovens e embriagados. Não há controle na direção e tampouco senso, o que torna o projeto mais autêntico diante os sucessivos desastres. O roteiro despreocupado com lógica martela essa idéia do cúmulo, do exagero, de forma anteriormente vista contidamente no icônico "Curtindo a vida adoidado" nos anos 80, este intensamente vivo até hoje. E esse valor empregado tratado na composição da diversão ilimitada atravessa gerações, algo bem marcado pela presença de um quarentão na festa, a princípio ignorado, porém logo absorvido como mais um com desejo em comum. Não são poucos os que se identificarão com o projeto e desejarão fazer parte de um evento assim, apesar se seus custosos pesares. 


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