sábado, 9 de junho de 2012

Proseando sobre... Madagascar 3: Os Procurados


É provável que “Madagascar 3: Os Procurados” seja o melhor da franquia, um fim momentâneo digno para os simpáticos animais da DreamWorks que ganharam notoriedade surpreendente com o primeiro lançado em 2005. Agraciado sobretudo pelas crianças, a animação que envolve uma série de personagens de um zoológico de Nova York chega a um extremo caloroso, dinâmico e cheio de energia e cores nessa escapada sugerida na Europa, atravessando cidades em fuga num trem carregando animais de circo. Com isso, o contexto e homenagem é justamente a arte circense, cada vez mais esquecida, transposta pelo vigor daqueles animais motivados pela graça do espetáculo e realização do impossível.  

Com um humor tipicamente nonsense desde sua estréia, “Madagascar” explora o exagero sem preocupações com lógica ou coerência. Virtude ou defeito, é discutível, uma vez atingir sua proposta com êxito inquestionável mesmo se atropelando e rendido ao absurdo. Não deixa de ser natural até por sua estilização, sendo provindo da DreamWorks. Os mesmos personagens retornam: Alex (voz de Ben Stiller), Marty (voz de Chris Rock), Melman (voz de David Schwimmer) e Gloria (voz de Jada Pinkett Smith) continuam os mesmos, sustentando a narrativa, porém ofuscados pelos personagens secundários, sobretudo pelos quatro pingüins e pelo Rei Julian (Sacha Baron Cohen) – este último, especialmente nesse terceiro capítulo, se eleva comicamente. Há ainda a introdução de bons novos nomes, destacando-se a jaguar Gia (voz de Jessica Chastain), o tigre Vitaly (voz de Bryan Cranston), o leão marinho Stefano (voz de Martin Short) e a ursa Sonia que vive um romance alucinante. 

A desculpa para o argumento é bem interessante. Eles não tem simplesmente que fugir por serem animais selvagens perdidos pelas ruas de Monte Carlo, mas pela gana pessoal da agente do controle de animais, a Capitã Chantel DuBois (voz de Frances McDormand), uma legítima e letal caçadora que gosta de exibir seus troféus na parede. Lá estão vários animais embalsamados, com uma ausência no centro, um espaço reservado para a cabeça de algum leão. O roteiro de Eric Darnell (que escreveu os dois primeiros filmes) juntamente a Noah Baumbach dão ênfase a vilã fazendo dela implacável. Sua inspiração é enfática e em determinado ato esta chega a cantarolar Édith Piaf para robustecer seus feridos homens.

Produzindo piadas compulsivamente, o que faz alguns personagens perderem a força ou acabarem associados unicamente a alívio cômico – como a zebra Marty –, a obra dirigida pelo trio Eric Darnell, Tom McGrath e Conrad Vernon se sustentam por uma novidade, anteriormente não apresentada devido ao acúmulo de ação: a necessária adequação as atuais condições da vida com uma mensagem sobre tocá-la em frente abandonando o passado. “O Maior espetáculo da terra” lá da década de 50 e até a recente animação francesa “O Mágico” denunciam a decadência desse tipo de arte. Há um lamento tristonho presente aqui sobre tal tema. O adendo de “Madagascar 3” é justamente originado pelo circo, pelas cores, por seu universo: um clima psicodélico então é proposto durante as apresentações embaladas por músicas da moda – o que é um defeito do filme, correndo o risco de datá-lo – misturando com canções próprias, uma adaptação de “Eu Me Remexo Muito” cai bem.   


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