sábado, 16 de junho de 2012

Proseando sobre... Prometheus



Ridley Scott, o cara que constituiu obras primas da ficção como “Alien, O Oitavo Passageiro” e “Blade Runner - O Caçador de Andróides” retoma seu melhor estilo com este majestoso – no sentido de produção – “Prometheus”. A história acontece no final do século XXI, após algumas descobertas arqueológicas que poderiam explicar a origem da humanidade. Civilizações antigas deixaram pistas e o espaço parece guardar as respostas. Em outro instante, alguns anos saltam e estamos a bordo da nave Prometheus cortando o universo carregando humanos hibernados. Lá um andróide coordena, David (Michael Fassbender), levando-os até uma missão potencial de solucionar o maior mistério do homem no fictício planeta LV-223.

Nessa excursão espacial, têm início um verdadeiro universo de referências, abrangendo obras clássicas com elegância e compromisso, permitindo os espectadores mais antenados perceberem menções. Estão ali não só uma concordância com a tripulação de Alien, especialmente a Ian Holm, mas os aspectos do clássico de Kubrick, “2001 – Uma odisséia no espaço”, carregando semelhanças a HAL 9000. As cenas que diagnosticam interesses distintos dos tripulantes e o experimento de David já são o bastante para garantir o olhar interessado dos fãs do diretor e de películas do tipo. O que vem depois alcança expectativas, no entanto não se fundamenta a proposta do roteiro, deixando de lado explicações necessárias e até negligenciando personalidades, dada a estirpe de tripulantes, como por exemplo motivações ou crenças. 

Funcionando como um prequel de “Alien”, este projeto tem estigmas para se findar enquanto clássico robusto, ao lado dos outros já citados, porém com menor impacto e valor. A expressão aqui melhora graças a tecnologia, a competência gráfica e artística. O desenho dos cenários são incríveis aliados aos ótimos efeitos visuais: é um planeta a parte, semelhante ao nosso onde um sol brilha. É um lugar que guarda segredos e que dispõe de tecnologia avançada, algo que remete em diálogos críticas a nós, a nossa intenção e cobiça. Afinal, como seres avançados criariam armas de destruição em massa no mesmo solo em que vivem? 

Coeso em forma e conteúdo, embora num segundo ato abandone a fértil reflexão incitada para se converter num calibrado thriller de suspense, “Prometheus” explana o futuro e não dignifica o homem, coloca-o no mesmo lugar atual com iguais curiosidades. O mítico ainda existe, a fé religiosa, embora gasta por algumas verdades concebidas pela narrativa, respira como consolo ou lembrança. Ao tratar da descoberta, especulam quem criou os criadores. A resposta obviamente não é entregue. Segue-se grandes cenas de ação e momentos verdadeiramente tensos. Um, em especial, protagonizado pela ótima atriz sueca Noomi Rapace da trilogia “Millenium”, ficará na memória por muito tempo. 

Com um grande elenco, além de Fassbender e Rapace, tem Charlize Theron, Guy Pearce e Idris Elba somando um outro ponte forte do longa, a encenação. Fassbender se destaca sem dúvidas, com complexidade e intenções duvidosas, não temos acesso a elas, mérito do ator que até quando aparece secundariamente impressiona com dicções. É o cinemão de boa qualidade, o típico blockbuster eficiente por não menosprezar a inteligência de seu público e proporcionar bom entretenimento, ao contrário da maioria. Ele deixa questões suspensas, pode ser intencional, uma vez promover reflexão, propondo que a gente complete ou discuta, mas, pensando no capricho de Ridley Scott, isso é pouco provável. Quem sabe, em eventuais sequências, correções possam ser feitas.   

 

Um comentário:

  1. O filme me surpreendeu, remete ao que há de melhor na antiga forma de fazer cinema do Scott, além das diversas e ótimas referências. Talvez seja superficial em certos detalhes, mas ainda assim é um thriller competente. A cena da cirurgia é uma das mais tensas do ano!

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