segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Proseando sobre... O Que Esperar Quando Você Está Esperando


Gestação, período tão belo que envolve tantas e importantes descobertas. Mentira. Eis uma fase de sofrimento, chateação, deformidades e irritações, mas importante e verdadeiramente nobre. Explorar todos os problemas acarretados pela gravidez e demonstrar a beleza que pode ser retirada dela é o que “O Que Esperar Quando Você Está Esperando” procura fazer com humor. Não que esse último funcione.

O filme é baseado num best-seller homônimo de Heidi Murkoff e o roteiro escrito por Heather Hach e Shauna Cross busca trazer diferentes percalços da gravidez e mergulha na vida de alguns casais angustiados por estarem próximos do parto. A montagem dinâmica tenta ordenar a bagunça, não há um protagonista definido e tampouco um bom condutor da trama – aí percebemos o talento de Alejandro González Iñárritu em trabalhar com histórias paralelas. Quem assume a direção aqui é Kirk Jones da refilmagem “Estão todos bem”. O diretor cria situações para favorecer piadas e gags, não contribuindo com o tema retratado, servindo mais como um alívio ao drama proposto por alguns personagens.

Dentre as histórias contadas, questões familiares emergem de uma maneira leve, com os conflitos postos em cena servindo como auxílio aos direcionamentos, possibilitando a comoção do público adquirindo ciência que, ao final, há sempre uma mão ali apoiando apesar de qualquer pesar. Assuntos como circuncisão, disputa entre pai e filho, exercícios físicos, corpo perfeito e teorias sobre amamentação dão suporte a narrativa e profundidade rasa a alguns personagens. Há outros que nem nos lembramos que existiam em suas quase três horas de duração. Exagero meu, o filme tem 110 minutos, mas é como se tivesse bem mais. 

Cameron Diaz, Dennis Quaid, Jennifer Lopez e Elizabeth Banks são alguns dos nomes famosos no elenco. Cada qual com suas histórias, essas ganharão importância maior segundo a projeção de quem assiste, por ter vivido ou estar vivenciando um caso semelhante, ou por pura identificação. Um dos melhores casais retratados que carrega potencial para um filme solo é Holly (Lopez) e Nate (Rodrigo Santoro). Ambos procuram viabilizar uma adoção de um bebê etíope, mas encontram resistências sociais e pessoais. Nate é quem mais sofre, aflito com a possibilidade de ser pai repentinamente, chega a buscar conforto num grupo de pais que passeia aos finais de semana num parque com um arsenal de brinquedos e mamadeiras. Outra boa história se dá na idéia da condenação da beleza, as deformidades que podem acontecer com o corpo da mulher. Skyler (Brooklyn Decker), esposa do bem sucedido ex-piloto Ramsey (Quaid), é jovem e detém uma silhueta invejável. Disciplinada, faz todos os exercícios recomendados para uma sadia maternidade. Uma injeção de esperança e ânimo para algumas mães. 

Já a tentativa de se fazer humor é nula, pouquíssimas piadas são aproveitadas nesse filme abarrotado de subtramas que transitam entre si, apresentando diversos casais vivenciando juntos os períodos da gestação, sobrevivendo a todos os problemas ocasionados pela espera de um bebê. Tem a angústia originada pela ânsia do nascimento, os cuidados necessários que contribuem com a saúde, o estresse graças aos hormônios, dores e o afastamento ou união entre casais motivados pela vivência do período. É pouco para a validade comercial da obra que lhe inspirou, é minúsculo para o cinema mesmo sem grandes pretensões de se tornar maior do que verdadeiramente é. 


Um comentário:

  1. Fraquissimo, mas serve pra aquela tarde de chuva em que você não possui nada pra fazer. E o Marcelo, mesmo nos textos mais breves, continua sendo ótimo ;)

    http://avozdocinefilo.blogspot.com.br/

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