sábado, 20 de outubro de 2012

Proseando sobre... Atividade Paranormal 4



Henry Joost e Ariel Schulman, responsáveis pelo terceiro filme da franquia “Atividade Paranormal” retornam nessa quarta parte, reciclando alguns eventos que já vimos anteriormente nos longas anteriores e o atualizando segundo a tecnologia recente – o que funciona em alguns pontos como novidade – não deixando o filme padecer num completo marasmo. A utilização de webcams e celulares, bem como o protagonismo de adolescentes garante um pouco da atenção do público que se interessa por esse novo viés, no entanto as repetições importunam mais do que as bruxas e a experiência de conferir um horror através do mockumentary, já desgastado e abundantemente explorado, se extenua com bocejos e aborrecimentos. 
   
Mais do mesmo com alguns acréscimos, é uma definição adequada para essa sequência. Ao menos é inventiva, traz chats, cam – e um cara gravando tudo o que pode, atônito para ver a namorada se despir – e um xbox com recursos para alguma das melhores cenas de tensão funcionar. Ao menos obriga o espectador a se ater aos detalhes, examinando cada canto da imagem, buscando qualquer indício do que virá futuramente a lhe sobressaltar – na maioria das vezes nada acontece. É, ao menos, a expressão da modernidade, algo que a dupla de diretores trabalharam criticamente em seu mais notável trabalho, o possível documentário “Catfish”, onde eles explanam hipocrisias da internet ao longo de uma experiência particular, entre perfis inexistentes numa jornada misteriosa atrás da verdade por trás de fakes e suas vidas ordinárias.  

O sucesso desta empreitada garantiu alguma atenção para a dupla, uma vez que foram convidados pouco tempo depois para realizar o terceiro filme da franquia e consequentemente este quarto. No terceiro fizeram proeza ao finaliza-lo com uma boa idéia, embora absurda e nefasta. Agora, não há mote para salvação dentro da narrativa, restando apenas os recursos técnicos e uma adolescente bonita segurando o filme como pode. Restou, então, resgatar Katie (Katie Featherston), a estrela do pioneiro, para tocar o terror, como um monstro já reconhecido pelo cinema. Com ela vem ligações aos eventos anteriores, explicações rasas de sórdida importância e um garotinho, apavorante pela inexpressão, marcando presença como maldição, com herança física daquele tão famoso no clássico “A Profecia”.   

A história roteirizada por Chad Feehan e Christopher Landon, este último provém do terror “Sangue e Chocolate”, se baseia na adolescente Alice (Kathryn Newton), que passa horas na frente do computador falando com o namorado. Ela vive numa luxuosa casa no que aparenta ser um bairro de classe alta americano, e teve o azar desgraçado de ter Katie como vizinha. Há algo na garota que interessa as tais bruxas do terceiro filme. O vínculo entre ambas acontece graças a uma aproximação entre crianças, algo difícil de conceber racionalmente. A presença dessas caras novas vem com diferentes métodos de provocar espanto, com os próprios personagens causando. A menina, por exemplo, em determinado momento salta na cama após longos segundos de silêncio. Há ainda a presença de um gato que caminha pela casa sugerindo alguma provável ocorrência e ninguém parece vê-lo. Ou talvez ele seja um demônio e será revelado em alguma provável continuação. Após essas e mais algumas tentativas de susto, pensamos: puxa, estão mesmo tentando de tudo. Tememos o que virá pela frente.

Essa quarta parte também se permite fazer piada, brincadeiras que, ao invés de apavorar, tiram risada do público, o que nos leva a questionar as intenções e o rumo da série, parecendo não estar mais se levando a sério. Há até uma tentativa de referência, ou homenagem, ou seja lá qual era o intuito, de recordar “O Iluminado” quando inesperadamente surge um garotinho num triciclo, dirigindo-o pelos cômodos. O futuro de “Atividade Paranormal” parece já ser conhecido, muitos serão feitos, readequados, tentando ser inovado, salvo por roteiristas propensos a tirar o máximo de qualquer objeto. Com isso o tempo poderá fazer da série inanimada, sem graça e com o prestígio arrasado. Quem continua indo assistir é porque realmente gosta da franquia, se deleita como pode com os sustos suscitados. Uma hora esses também podem deixar de se interessar e o filme que outrora fora considerado um bom exemplar do gênero do terror, se tornará mais um exemplar de mediocridade, de mera gana ruída. 


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