sábado, 19 de janeiro de 2013

Proseando sobre... Os Penetras



A parceria entre Marcelo Adnet e Eduardo Sterblitch é muito boa. Ambos conseguem segurar um filme ruim com trejeitos particulares e gags que funcionam numa comédia descompromissada, mas não é o bastante para salvar o filme. Está bem longe de conseguir qualquer sucesso quanto a isso. “Os Penetras” é notadamente fraco, tem um roteiro frívolo, reviravolta corriqueira e uma direção burocrática de Andrucha Waddington. Talvez tudo e todos estejam limitados pela produção que quer mais do que qualquer outra coisa angariar fãs para estabelecer uma nova franquia rentável no cinema comercial brasileiro, utilizando de humoristas da moda e com talento comprovado – caso de Adnet, já que nunca havia ouvido falar do tal Sterblitch. 

A história é sobre um cara apaixonado, Beto (Eduardo Sterblitch), que, ao ser ignorado pela namorada, acaba desiludido e acidentalmente encontra um homem, Marco Polo (Adnet), que promete ajudá-lo a reconquistar a paixão, no entanto precisará de alguma ajuda financeira. Alguns equívocos e situações triviais se amontoam e logo os dois se envolvem com a alta sociedade carioca, entrando em festas sem convite, divertindo-se como podem até que os seguranças descubram e os coloque para fora. O roteiro cria situações bem manjadas, especialmente com uso de drogas a fim de fazer seus personagens agirem de maneira mais estúpida do que o esperado e conseqüentemente tirar risadas satisfeitas do espectador que se entrega a graça juvenil da dupla que se diverte em cena.

Fica, para quem quer levar algo do filme, a beleza do Rio de Janeiro que é apresentada exuberantemente por uma fotografia que ressalta a cidade maravilhosa ensolarada e calorosa. É bem filmado, com cenas surpreendentes – a viatura na contra-mão durante o trânsito – e outras econômicas – as de sexo, pretendendo seguramente diminuir a censura. E não falta sensualidade – inevitável em comédias dessa categoria – com uma Mariana Ximenes lúbrica e Juliana Schalch, que quase passa batida, numa cena mais picante no ato final. O longa ainda conta com Andréa Beltrão, Stepan Nercessian, Susana Vieira e Luiz Gustavo. Esse elenco faz toda a diferença. O talento e a experiência dos atores contribui para que o filme seja digerível, coisa que outras comédias do gênero não conseguiram. Pena ser insuficiente. 

Vai tirar muitas risadas sem qualquer dúvida, tão rápidas e breves que provavelmente se tornarão passageiras e esquecíveis, tais quanto os semelhantes anuais. Servirá para exaltar o nome de novos talentos do humor nacional, como a dupla protagonista que funciona como um marketing natural graças aos seus nomes estampados no cartaz. Sozinhos arrastam jovens que os idolatram e pouco oferece a esses senão recreação e senso imoral. É um pedaço de filmagem criativamente limitado, uma extensão episódica de algum quadro televisivo, propenso ao riso fácil. É mais uma daquelas comédias desprezíveis de graça passageira que o cinema nacional insiste em lançar anualmente, desperdiçando talentos reconhecidos, abarrotando as salas de cinema de dinheiro na mesma proporção que de mediocridade.

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