terça-feira, 26 de março de 2013

Proseando sobre... Vai que dá certo



Não tinha como dar errado. Me refiro ao sucesso, pois o filme consegue escalar boa parte dos grandes nomes de prestígio recente da comédia brasileira. A presença dos caras já rende publicidade suficiente, garantindo um número de espectadores o bastante para pensarem sem pestanejar numa sequência. Outra franquia para angariar milhões do povão. Tem boas qualidades, cumpre a promessa de divertir e ainda faz uma sutil crítica cosmopolita enquanto desenvolve um seqüestro fajuto e debocha dos paulistanos com sotaques e manias. É bem bobo, bem cômico. 

A trama é abrupta e banal, uma desculpa qualquer para colocar um grupo de amigos em sérias enrascadas. Rodrigo (Danton Mello) está percebendo a carreira de músico despencar e decide pedir emprego ao primo, Danilo (Lúcio Mauro Filho). Este, por sua vez, lhe oferece um plano para um roubo que não tinha como dar errado. Entram nessa os colegas Amaral (Fábio Porchat), Vaguinho (Gregório Duvivier) e Tonico (Felipe Abib) que sem nada a perder, encaram o risco já que estariam roubando daqueles que consideram negligentes com o povo: o governo. Eles precisam tirar dinheiro de um carro forte e assim montam um plano mirabolante e imprudente. A obra ainda contra com nomes como Bruno Mazzeo, Lúcio Mauro e Natália Lage.

Situações absurdas que se acumulam – desde policiais corruptos a um seqüestro medonho – dão um caldo leve a narrativa notadamente despretensiosa, seguindo uma lógica de acontecimentos pouco críveis, porém divertida dentro dos parâmetros de filmes comerciais não só de nossa terra. A piada cai também sobre o povo paulistano e seu modo de falar. “Vai que dá certo” ainda pretende tratar um pouco sobre a situação econômica brasileira, com uma crítica pueril propagada levemente nas cenas, especialmente quando mostra a vivência de seus personagens, alguns de forma miserável, considerando-se fracassados. Em tempo, ainda exprimem diálogos nerds como mais uma possibilidade recreativa. Essas, no entanto, terminam deslocadas, emergentes do excesso de idéias.    

O cinema comercial nacional vem seguindo um mesmo rumo, com poucas curvas ascendentes – caso desta obra dirigida por Maurício Farias (cara que por tanto tempo esteve envolvido em “A Grande Família”). Para os apreciadores do humor de esquetes, esse longa sem dúvidas agradará por possuir pequenos bons momentos, curtas inseridos no longa – as vezes sem propósito definido – permitindo a diversão do espectador, mesmo que termine comprometendo o resultado final do todo desmantelado. A visão cosmopolita é introduzida na história de maneira dinâmica, é sobre ela que o filme se desenrola – no desejo por trás das ações que objetivam grandeza.   


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