sexta-feira, 30 de maio de 2014

Proseando sobre... X-Men: Dias de um Futuro Esquecido



A franquia X-Men é uma das mais bem sucedidas do cinema. Com essa sequência, Dias de um futuro esquecido, passado e presente se misturam como forma de alterar os rumos da história e garantir um futuro melhor para os mutantes. Os sentinelas estão dizimando todos os mutantes devido a um assassinato no passado. Para mudar isso, um dos mais saudosos personagens é enviado para a década de 70 a fim de alterar alguns rumos. As conseqüências são brutais, o filme ascende em questionamentos que ultrapassam a ficção das HQ’s e transcende oposições clássicas, unindo inimigos em benefício de um bem em comum. Mas as ideologias seguem como interferência. 

O passado e presente dos filmes aparecem em cena. Personagens da trilogia passada juntamente as suas versões mais jovens dividem a tela, empolgando seus mais fieis fãs. Após o fracasso do terceiro filme, X-Men: O Confronto Final (X-men: The Last Stand, 2006), a franquia levou um tempo para ser revisitada. No meio rolou o horrendo X-Men Origens: Wolverine (X-Men Origins: Wolverine, 2009) manchando a reputação do mais querido dos mutantes. Vale ressaltar que, felizmente, Hugh Jackman permaneceu inabalável. Aí veio X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class, 2011), esse sim um feliz sucesso, o mais plausível e convincente dos longas. Surgiu Wolverine - Imortal (Wolverine, The, 2013) e agora esse Dias de um Futuro Esquecido provando o quanto esse universo é promissor.

Sem deter a complexidade que se supunha a partir de sua difícil temática, essa obra do duvidoso diretor Bryan Singer vem buscar um novo norte, tentando amarrar as pontas soltas dos roteiros anteriores, influindo na cronologia. Toda a confusão então despenca, outros valores emergem e a trama se acentua sem óbvias conclusões. Ela é inteiramente carregada pelos ótimos personagens, não há outro interesse narrativo senão acompanhar a saga temporal dessa batalha contra o que é o maior adversário humano: o tempo. Aqui com o que se fez dele. 

A técnica compreende vários lances narrativos auxiliados pelos efeitos visuais e de som. É um filme limpo e equilibrado. As cenas de ação não são masturbatórias como a maioria dos filmes do gênero – da própria Marvel, aliás. Dá pra listar! Elas tem razão para ser, apesar da megalomania de algumas, como a cena do estádio onde Magneto causa um belo estrago. Os bons atores contribuem muito para o sucesso. Michael Fassbender, Ian McKellen e Jennifer Lawrence roubam a cena juntamente a Jackman que aqui assume o protagonismo. 


Como grande trunfo, esse quinto filme se reinventa e abre portas para novos caminhos. Se é fiel a obra original ou não já não importa, o que se fazer com as conquistas de até então é o grande desafio de seus realizadores já que o sexto filme provavelmente será a colheita de uma semente plantada há mais de uma década. E o melhor de tudo, conseguiram manter a essência mais significativa: tratar do preconceito, da relação com o diferente. Preconceito e intolerância, defeitos humanos imensuráveis. Quanto ao filme, chega-se a conclusão após tantas batalhas – tanto nesse universo do X-Men quanto em outros que buscaram de alguma forma mudar o passado visando um outro futuro – que viagens no tempo seguirá como um forte argumento durante muito tempo. Para os mutantes, ao que parece, o felizes para sempre não existe. Igualmente com os humanos.





terça-feira, 27 de maio de 2014

Proseando sobre... Godzilla

O lagartão mais famoso do cinema está de volta fazendo um estrondoso sucesso de público. Com os aparatos tecnológicos atuais, obviamente não demoraria muito para o Godzilla ganhar uma nova versão. Essa é fantástica comparada especialmente ao fiasco daquele longa desastroso dirigido por Roland Emmerich em 1998. Esse tem um bom elenco por trás, uma história mais amarrada, misturando o fundamento clássico de sua criação com outros aspectos ambientais relativos a evolução, seleção natural e cadeia alimentar. É um regozijo aos filmes catástrofes com destruições colossais compreendendo maremotos, terremotos, explosões e devastações de algumas cidades do globo. É o típico cinemão que perde o fôlego por escolhas que são bastante equivocadas.  

O longa se dá ao luxo de ter no elenco nomes como Bryan Cranston e Juliette Binoche, além da jovem talentosíssima Elizabeth Olsen, mas se concentra no personagem vivido por Aaron Taylor-Johnson que não dá conta de segurar o filme inteiro, sabotando até mesmo a presença do personagem título que vai aparecer após um longo tempo. Coadjuvante do próprio filme, Godzilla tem seu imenso potencial de aniquilação cinematográfico arruinado. A obra poderia ser muito melhor narrativamente do que bobagens como Transformers ou até mesmo o bom Círculo de Fogo (Pacific Rim, 2013) do Del Toro, no entanto ficou presa ao roteiro capenga e desnecessariamente emotivo. As razões das investidas emocionais da história é uma clara busca da atenção de um público que talvez não compraria a ideia de monstros descomunais destrutivos.

Além disso, a falta de senso espacial é um problemão. Não dá pra ignorar as condições físicas dos meros humanos que aparecem como super-homens, enfrentando situações extremas e atravessando quilômetros em minutos. O diretor Gareth Edwards parece perder o fio lógico com esse tropeço, garantindo unicamente uma experiência interessante com o cenário e os efeitos especiais, juntamente a elaboração de seus monstros magnânimos remetendo aos clássicos. Godzilla e os MUTOs (Massive Unidentified Terrestrial Organism) tem um desenho esplêndido. Assistimos uma homenagem bastante coerente e merecida a um dos monstros mais louváveis da história. Assisti-lo em 3D só melhora a experiência da situação cinema, embora não acrescente nada à narrativa.

Algo novo e desconhecido está surgindo. Algo se alimenta de energia nuclear. Pouco sólido, o roteiro visa a premissa do que nos é desconhecido, ocultando os monstrengos, dando indícios do que são e o que são capazes de fazer. Para isso salta no tempo, com um considerado acidente em uma usina e as conseqüências deste na vida de uma família americana residente no Japão. A obsessão por verdades e a gana pela ciência movimenta 40 minutos de discussões e constatações científicas, exprimindo a falta de diálogo de empresas com a população carente de verdades. É um retrato social condizente às distintas especulações e conspirações humanas. Com uma hora de filme, o que resta é o caos com a expectativa de sobrevivência reduzida a nada até que um herói se exalta e surpreende.